terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Sem tréguas

"Em terreno mortal posso tornar evidênte não haver possibilidade de sobrevivência, já que está na maneira de ser dos soldados o resistirem quando cercados, combater até à morte quando não há alternativas e seguir cegamente os seus comandantes quando desesperados.
(...)
Coloca as tuas forças em posições das quais, mesmo em perigo de morte, não possam fugir. Dispostas a morrer, quanto não conseguirão elas? Oficiais e soldados cometerão então o impossível. Em situação desesperada, nada temerão. Quando não há saídas, agarram-se às suas posições e ali, sem alternativas, combaterão corpo a corpo."

em A Arte da Guerra de Sun Tzu.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Cavaco Silva é mentiroso, com mais de 33% de probabilidade

Ou José Manuel Fernandes mentiu acerca da existência de uma fonte de Belém anónima. Ou Fernando Lima mentiu a Cavaco acerca do seu envolvimento nas suspeitas lançadas. Ou Cavaco mentiu sobre a sua participação nesta invenção de proporções históricas.

A estatística não engana, Cavaco Silva é um mentiroso com mais de 33% de probabilidades.

sábado, 28 de novembro de 2009

Clima frio na Ciência

Esta semana, más notícias na Ciência.

No meu quintal, contaram-me da Sra Professora (de jardim escola) está a tirar o doutoramento em São Tiago de Compostela; que escolheu STC porque assim podia acabar em dois anos; que assim o marido (advogado) a pode ajudar a fazer os trabalhos. Coisas fantásticas...

Noutro campo, mais global, conta-se a fuga partilha dos emails do reconhecido (e respeitado) Climatic Research Unit, da University of East Anglia (CRU). Onde se mostram as más práticas na guarda daquilo que se gaba ser o maior conjunto de dados globais de temperatura.

O CRU é um centro de investigação venerado nos estudos do aquecimento global; reclama possuir o maior registo de temperaturas no globo; o seu trabalho em modelação climática foi incorporado no relatório intergovernamental sobre alterações climáticas da ONU, em 2007.

Obviamente não é de esperar que um registo de temperaturas à escala global, de há 150 anos, fosse uma fonte homogénea de dados, recolhidos de forma impoluta (os dados históricos nunca são). Também é verdade que não são a única fonte de informação sobre as temperaturas globais. Mas são um dos poucos registos com dados directos de temperaturas de há 150 anos. Nem todos os valores serão questionáveis mas alguns são-no e nunca devia ter acontecido serem usados em modelos que fundamentam a posição da ONU sobre o aquecimento global.

No Reino Unido as informações cientificas obtidas com dinheiro público são de acesso público através de um Freedom of Information Act. À conta disso, os sintomas estavam à vista. Há algum tempo que os cientistas do CRU se recusavam a ceder os dados aos negacionistas do aquecimento global. Ora a ciência e o método científico baseiam-se na revisão e na falseabilidade de hipóteses (criteriosamente) propostas. É verdade que apenas se consegue discutir com quem está disposto a ouvir. Ao negar o acesso à informação está a impedir-se esse passo fundamental do fazer ciência.

As implicações na discussão das alterações climáticas são grandes que chegue. Principalmente porque aquelas informações impulsionam uma decisão para gerir o risco (naturalmente uma inferência probabilística) das elevadas emissões de poluentes.

Estes dois casos levantam questões, que teimam em não ser esclarecidas, sobre o excesso de competitividade na investigação cientifica. A falta de reconhecimento dos trabalhos de verificação e validação e a inexistência de mecanismos que promovam a abertura da informação são fontes de sérias dificuldades para a ciência.

Como no capitalismo desenfreado, ninguém gosta de ser verificado e poucos gostam do papel de verificador. Não havendo recompensa a estas actividades (fundamentais) de auto-controlo, o resultado são bolhas especulativas que rebentam com grande espectacularidade - se tiverem tamanho que chegue, acabam por salpicar todos.

LINK:Congress May Probe Leaked Global Warming E-Mails
LINK:Hackers leak e-mails, stoke climate debate
LINK:Inquiry into stolen climate e-mails

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Desculpabilizar o execrável

A beleza de um argumento baseado em factos é que estes são verificáveis e por isso falsificáveis. A ausência de prova contrária faz a verdade dos factos soar como um farol em dia de nevoeiro.

A direita, mais uma vez, a dar abrigo ao execrável...

A ler: Daniel Oliveira no Arrastão: Políticos não. Criminosos!

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

A morte da Regionalização

Não andava à procura de motivos para ser contra a regionalização. Nos últimos dias cruzei-me, no JN, com uma notícia sobre a regionalização. O título é arrepiante: Autarcas à espera de fazer carreira na regionalização. Versa sobre um estudo, uma opinião, de um académico que dedicou tempo à Regionalização. O argumento é de uma clareza cortante. E a ser assim voto contra, por muito bonita que pareça.

É verdade, sempre foi o tendão de Aquiles - mais tachos, mais caciquismo. Mas sempre vi com agrado a aproximação aos eleitores, num principio de dividir para reinar. Há uma independência que tem ser conquistada ao poder central. Até porque cada vez mais acho que o poder central deve dedicar-se à defesa da democracia para além das eleições e das maiorias.

Agora, a perspectiva de ver as regiões tomadas pelas mesmas personagens de sempre, carregadas dos hábitos de sempre, a constituir, à nascença, uma cultura baseada nos piores exemplos de renovação e alternância democrática.. assusta-me.

A página da wikipédia portuguesa sobre a regionalização mostra o que me parece um bom resumo do que tem sido o debate sobre a regionalização em Portugal. Pode até ver-se as condições (empecilhos) constitucionais introduzidas na revisão de 1997. Destaco o papel de MRS no estado actual da regionalização.

Tão ou mais importante que as fronteiras regionais é o caminho que se vai tomar até ao referendo. Na década de 90, o caminho escolhido era o correcto mas o marketing usado não resistiu. Primeiro debateram-se as competências, depois vieram as maiorias relativas; o povo nunca chegou a querer saber.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Barragens

A avaliação dos professores vai ter consequências, a nacionalização do BPN vai ter mais explicações, o enriquecimento ilícito e a corrupção estão na agenda política, a taxas moderadoras do internamento e cirurgia vão ser retiradas. Para já, a relatividade da maioria parece estar em bom caminho.

Como há 15 anos, um dos assuntos mais mediáticos desta legislatura será a construção das barragens, especialmente nos afluentes do Douro onde terá que se submergir a linha do Tua. Pelos estudos apresentados nos "Fórum da Verdade", o PSD tem uma base razoavelmente sólida para questionar essas construções. Quer em termos económicos, quer em termos ambientais, nacionais e locais. O estudo sugeria que um investimento muito menor em programas de eficiência energética conseguiria aumentar a disponibilidade energética em mais que todas as barragens pretendidas pelo PS-Sócrates. Ora isso é um sinal claro de desperdício. Não havendo um estudo alternativo, por parte do Governo, ficam expostas algumas perguntas pertinentes sem resposta. Este assunto será tão mais interessante ao PSD quanto a necessidade de contrapor as sucedidas políticas energéticas do PS-Sócrates. Mas será que o PSD tem interesse em afrontar as corporações do cimento?

Veremos se o povo tem estômago para o espectáculo.

domingo, 15 de novembro de 2009

O Guerreiro

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Então Marcelo

A liderança do PSD ainda é um assunto muito em aberto. Quase tudo aponta para Marcelo Rebelo de Sousa. Já lá esteve. Coincidência ou não, na oposição a um governo minoritário. Mais coincidências: a necessidade de referendos.

Pergunto-me, passados 7 anos: como está a opinião sobre esse tempo Guterres? Melhorou, piorou? As comparações serão inevitáveis. Marcelo sublinha essa comparação.

Na perspectiva do PSD, a imagem do pântano, com Sócrates, pode ser feita muito mais sombria. Pode esquecer-se a face pântano confusão de leis aprovadas e suspensas em destaque de um pântano de Armandos Vara e fundações ensebadas. Por outro lado, o PSD torna-se vulnerável às comparações, especialmente no que toca à responsabilidade politica como oposição.

E a opinião sobre Marcelo, mudou? A diferença é pouca: o eleitorado PSD desconfia mais dele; o do PS ganhou-lhe resistência. Não me parece mais credível agora. já no que verdadeiramente interessa, depois de tantos anos de escolhas de Marcelo, quais são as escolhas de Marcelo?

sábado, 31 de outubro de 2009

Vara de Armandos

Armando Vara e os fios de lodo que o ligam ao resto do sistema político é uma daquelas coisas que já estava escrita há muito tempo.

Nem consigo especular uma quantidade para o parasitismo que cobre os portugueses. Quantos empregos não existem por causa desta teia peçonhenta que nos trava? Quantas pessoas morrem nos hospitais porque não pomos lá o dinheiro que lhes é devido? Quantas crianças não são o que sonham porque as escolas não têm as condições que merecem? Quantos morreram porque as estradas não têm a sinalização necessária? Quantos funcionários baixam os braços perante as responsabilidades que lhe são empanturradas? Quantos médicos não conseguimos formar porque não lhes é dedicado dinheiro? Quantos euros paga cada português para sustentar isto?
O que é que mudava nas nossas vidas não fora este cancro que nos suga as forças?

Ontem os jornais entretiveram-se com a entrevista de Paulo Rangel. O que é que isso interessa? Hoje o apelado pró-socialista Diário de Notícias acrescenta um título "Uma mão-cheia de socialistas na lista dos arguidos".
José Penedos ainda é administrador de uma empresa de capitais públicos. Apesar dos negócios com o filho, apesar das suspeitas, apesar de ser arguido e apesar do embelezado código ético da REN.

Os portugueses precisam que alguém lhes diga que podem indignar-se?

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Hoje o Armando Vara

A sustentação política de algumas personagens, apesar do rótulo, é sempre justificada.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Ai e tal, o céu vai cair-nos em cima da cabeça porque o comércio vai poder taxar pagamentos com cartão

É curioso ler os comentários à liberalização da cobrança de uma taxa de utilização nos pagamentos de compras com cartão, fico com a sensação que os portugueses querem mesmo ser governados como se vivessem num terrário de formigas.

Num dos primeiros posts que fixei neste blog, em Junho de 2008, escrevi Ai e tal, as gasolineiras querem cobrar uma taxa pelos pagamentos com cartão, onde defendi a existência dessas sobre-taxas.

A inexistência dessas taxas cria uma dinâmica onde é estimulada a utilização de cartões de pagamento, em grande benefício dos bancos, através de umas migalhas para os utilizadores e maioritariamente às custas dos clientes que não pagam com cartão - no que configura um imposto escondido em benefício dos bancos - como se ainda existissem poucos!

Espero bem que esta medida vá em frente e que os portugueses aprendam a exigir os benefícios nas alturas justas - nas portagens e nas gasolineiras quando usam sistemas automáticos e de self-service e nos bancos porque não usam um trabalhador especializado quando evitam o balcão.

sábado, 24 de outubro de 2009

Saramago, Ratisbona

Esta polémica à volta de Saramago apenas me incomoda pela falta de juízo. Não tanto pelas contestações. Sobretudo pelas fontes das contestações. Há assim tantas diferenças entre o afirmado por Saramago e o que foi dito pelo papa em Ratisbona?

sábado, 17 de outubro de 2009

Os 7 maiores horrores da 3a República (2)

Lodosos, obscuros, de irresponsabilidade colectiva, difusa, escondida, são os casos doentios que sugam a esperança de vermos uma melhoria sensível, que valha a espera.

Interessa, claro, discutir a relevância de cada um deles - os que escolho, aliás, são-no pela capa viscosa que encobre as suas causas e motivações - algumas delas possivelmente legítimas - mas a grande questão que me põem é se estamos numa sociedade em velocidade cruzeiro de evolução ou se pelo contrário mostram doença e instabilidade que nos coloca numa trajectória para o abismo. À consideração:

  • a reacção e a condenação do polícia que deu um tiro na cabeça a um suspeito enquanto o interrogava na esquadra de Matosinhos
  • a ausência de responsáveis pelo desastre da queda da ponte Hintze Ribeiro, em Entre-os-rios
  • a eleição de autarcas acusados e condenados por práticas ilícitas num esquema colectivo de «rouba todos os portugueses mas faz obra para nós»
  • a criação e entrega a uma empresa privada de um monopólio para as travessias rodoviárias sobre o Tejo; com a sequente contratação do ministro responsável para administrador da empresa quando saiu do governo
  • a nomeação para relator de uma comissão parlamentar sobre branqueamento de capitais de um deputado acusado de corrupção baseado em fortes indícios criminais
  • despesas desregradas e fraudulentas no Supremo Tribunal de Justiça
  • a pena aplicada à tentativa de suborno a Sá Fernandes: tentado corromper com 200'000 EUR, a pena do corruptor foi de 5'000 EUR

Às portas ficam ainda:

  • A mais que provável ausência de responsáveis no caso dos seis pacientes que ficaram cegos, no Hospital Santa Maria
  • Trás-os-montes a região mais pobre da Europa quando comparada com todas as regiões da Europa dividida em dimensões semelhantes
  • os aumentos e regalias vitalícias dos deputados e políticos em causa própria
  • um presidente da república que conspira para denegrir o primeiro-ministro às custas da credibilidade de serviços do estado e às custas de direitos constitucionais

Que outros casos faltam aqui?

Há forma de dar volta a isto?

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Uma leitura nacional daquilo que é local

Nessa leitura nacional daquilo que é local, vejo Sócrates como o maior vencedor da noite; maior que António Costa. Dificilmente estas eleições podiam ser de maior feição a Sócrates. São um grande contributo para que Sócrates seja visto nos próximos meses como uma fonte de estabilidade do País, o que o beneficia; é um bónus ao seu estado de graça.

O PSD defende que ter o maior numero de câmaras é uma vitória - e é, uma vitória!; mas a ligação que MFL fez entre estes resultados e a liderança nas associações nacionais de câmaras municipais e de juntas de freguesia pode ser feita num erro político. Especulo que essas lideranças associativas estarão condicionadas à vontade conjunta do PS e CDU - numa posição de maiorias relativas.

Rui Rio ganhou seguro, fica preso à câmara do Porto, a menos que abdique de uma das suas forças, dando o dito por não dito. Luís Filipe Menezes confirmou uma das suas fraquezas, exagerou a grande vitória que obteve. Mas era positivo que o PSD premiasse os seus; aqueles que têm bons resultados para as populações.

A "vitória" do PSD vai ser aproveitada por Sócrates, devagarinho. A perda de poder do PSD é relevante.

À esquerda, derrotas. Louçã fez o spin dos resultados das legislativas em rotações estonteantes, exagerou. Este fim-de-semana, os eleitores do bloco (e alguns da CDU) mostraram a leitura que fizeram dos resultados das legislativas. Mas aquilo que as lideranças da esquerda dura acham ser uma força é a sua maior fraqueza, nestas eleições a viragem não foi tão forte mas o País continua a virar à direita. A dureza de rins vai continuar.

Portas cheira a sombra da irrelevância.

A maior, e gigante, surpresa da noite é a derrota do PSD em Barcelos. Não é uma capital de distrito. Tem o dobro dos eleitores de Faro. Era uma câmara PSD à mais de 30 anos. Muitos barcelenses diziam "em Barcelos até um burro ganha a câmara, desde que tenha o chapéu PSD". A relevância nacional do PSD Barcelos tinha colocado o filho de Fernando Reis como o deputado n.º 4 nas listas legislativas por Braga. A nível regional este resultado tem um significado equivalente a uma hipotética derrota de Jardim na Madeira. A maior e gigante surpresa da noite.

Oeiras, uma derrota para todos. Continua-se a eleger o ladrão que também rouba para nós. Mais um ponto para os orçamentos locais serem feitos de impostos com taxas definidas localmente. Em Gondomar, igual.

No fim deste ciclo eleitoral, um dos grandes vencedores é Manuel Alegre. Já relativamente aos seus apoiantes, conto-os entre os maiores perdedores. A atitude de Manuel Alegre, a que não deram importância, vai continuar a ser-lhes cara.

O tsunami vem daqui a 4 anos. Mais de metade das câmaras municipais vão ter que mudar de cara. A limitação de mandatos é uma bonita mudança de paradigma. A partir de agora um presidente de câmara de 4 anos é um perdedor, um de 8 é um ganhador. Espero que os novos eleitos percebam isto desde já.

domingo, 11 de outubro de 2009

Os 7 maiores horrores da 3a República

Desde há uns tempos que me anda pela cabeça quais serão os maiores horrores deste nosso sistema político - a 3a República.

Penso naqueles casos tão lodosos, tão obscuros, com tantas irresponsabilidades que enjoam, enojam. Que deixam qualquer cidadão (independente) horrorizado. Sobre política e serviço público mas também sobre sociedade e comunidade.

Casos sistémicos. Que denunciam um apodrecimento canceroso, prolongado, sem fim à vista, onde, por não serem (terem sido) imediatamente extirpados, ameaçam toda a restante sociedade. Apontam uma irreversibilidade, uma continuação ou até um agravamento das situações, quer pelo espalhamento competitivo, quer pela nova clandestinidade promovida.

Infelizmente os casos são vários. É difícil escolher 7.

Vou deixar a ideia. Os exemplos ficam para mais tarde.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Govern-abilidade

- Então diga lá, quanto pede?
- Humm, pois, claro.. quanto oferece?
- Se pedir, eu ofereço..
- Ofereça lá então, se faz favor.

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Cavaco deve falar com alguém. Deve consultar o Conselho de Estado

De uma pessoa que declara sobre si próprio "nunca tenho dúvidas e raramente me engano." não me surpreende a enormidade das consequências que resultam de decisões, escolhas e tomadas de caminho baseadas em especulações suportadas numa lógica falha. Surpreende-me em Cavaco a lógica falhada e as decisões com base em especulações incompletas. Depois de acontecerem, não me espanta resultar num imbróglio de proporções históricas.

Cavaco Silva ainda não esclareceu, nem parece ter curiosidade em conhecer, quem, porquê e se em conluio, falou ao jornal público em nome do Presidente da República; nem parece disposto a abdicar de apontar como mentira a ligação entre a campanha de MFL e elementos da sua equipa - que existiu e foi publicitada; também não parece preocupado com as alegações sobre a credibilidade dos serviços secretos; nem preocupado com a elaboração de dossiers sobre cidadãos portugueses.

Cavaco aproveitou a declaração para lançar um assunto desconexo que (com os factos conhecidos) nada tem a haver com caso. Os problemas de segurança dos emails existem em todo o planeta desde que há emails. É um assunto importante para o País e para a Presidência da República. Relativamente a este caso é uma distracção; não tem mais relacionamento com o caso.

A lógica falha usada por Cavaco Silva e a falta de vontade de procurar factos para fundamentar as suas decisões enquanto Presidente da República é preocupante. No mínimo dos mínimos, Cavaco deve consultar o Conselho de Estado relativamente à sua interpretação deste caso.

Vídeo das declarações de Cavaco Silva

Directamente a partir do site da Presidência da República:

Pode encontrar-se uma transcrição da declaração no site da Presidência.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Repito e sublinho tudo o que já disse sobre Cavaco

Repito tudo o que disse em posts anteriores sobre este CavacoGate.
Sublinho as palavras que usei: mirabolante e surreal.
Volto quando arranjar uma cópia do discurso completo de Cavaco.
As palavras, omissões e distracções de Cavaco ilustram muito bem o que tem sido dito sobre este caso.

9.347.315 eleitores ?

Por obséquio, alguém consegue explicar como é que há 9.347.315 de eleitores inscritos? Especialmente quando Portugal tem pouco mais de 10.700.000 pessoas e quando os círculos eleitorais estrangeiros têm menos que 200.000 inscritos.
9.347.315 eleitores inscritos ?

UPDATE: Ver post do LR no blasfémias: A abstenção empolada.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Breves sobre a nova Assembleia

Não me motiva discorrer sobre o resultado destas eleições. Fica-me uma maior admiração por este processo que vivemos para nos organizarmos como comunidade.
A democracia traz muitos desafios e muita sabedoria. As eleições, como fonte de conhecimento, valem muito mais que quaisquer sondagem.

Ontem, Portugal esteve mais próximo da Escandinávia que da Itália. É positivo constatar que uma maioria de portugueses rejeita de uma forma pragmática métodos políticos eticamente desprezíveis.

Há quatro tendências que me ficam. A esquerda virou à esquerda mas o governo tem que apontar direita. Foi escolhida uma Assembleia para 3 anos. Se for tão competente e tão fantástico quanto defende a facção dos «não-arrogante», Sócrates conseguirá governar 2 anos. O PSD tem meses para iniciar um processo credível de renovação.

Por fim, destaco a vitória (moral) dos passive-agressive. Grande parte deles fica como gosta. Vêm aí 2 anos de fortíssima contestação social.

Obviamente, demita-se.

Depois de um comentário de mau gosto sobre doentes hemofílicos, Carlos Borrego demitiu-se. Por tentar um favorecimento para o acesso da filha a uma universidade, Martins da Cruz demitiu-se. Quando se descobriu que tinha sisado um terreno por valor inferior à troca comercial, António Vitorino demitiu-se. Quando caiu a ponte em Entre-os-rios, Jorge Coelho demitiu-se. Quando fez uns corninhos na Assembleia da República, Manuel Pinho demitiu-se.

domingo, 27 de setembro de 2009

Cavaco Silva acha que a verdade incomoda as eleições

Na campanha para estas eleições legislativas utilizaram-se métodos que se hoje acabarem premiados irão vulgarizar-se e tornar-se a moeda de troca entre todas as forças políticas, o que é lamentável e negativo.

Foram lançadas suspeitas sobre o (ainda) Primeiro-ministro de Portugal e sobre os serviços de informação da República, serviços que têm um responsável máximo e que são fiscalizados por uma comissão própria, todos nomeados por maioria de 2/3 na Assembleia da República. Esta suspeita sobre os serviços secretos portugueses foi inclusive noticia em Inglaterra.

Não será demais dizer que a troca de informações entre serviços secretos é essencial na actualidade do combate ao terrorismo e na qualidade da informação recolhida; também não me parece demais dizer que essa troca de informações se baseia numa relação que depende finamente da percepção de credibilidade e de uso ético das informações trocadas; isto faz das suspeitas lançadas, sobre os serviços secretos, tão ou mais graves que as já graves suspeitas sobre o Primeiro-ministro em funções.

Os factos confirmados e as informações nunca desmentidas limitam fortemente as narrativas possíveis para estes acontecimentos. Na falta de uma explicação cabal mas necessariamente mirabolante, imagino vários cenários e não encontro um que não resulte na constatação do mau serviço que Cavaco Silva está a prestar aos portugueses e a Portugal.

No meio de todas estas implicações e sob forte suspeita de o fazer em prejuízo da integridade da eleição, Cavaco Silva limitou-se a esconder-se sob o surreal desejo de não interferência e de imparcialidade.

As acções e omissões de Cavaco Silva influenciaram o conteúdo da campanha e o resultado destas eleições. Os actos de Cavaco Silva puseram em causa serviços fundamentais do estado. A participação de Cavaco Silva jogou em causa uma instituição fundamental da nossa democracia. À revelia das necessárias considerações de justiça que obrigam quaisquer órgão de soberania, foi posta em causa a honorabilidade do Primeiro-ministro de Portugal. E, foram recolhidas informações, de forma sistematizada, sobre um cidadão português, o que põe em causa princípios fundamentais da constituição portuguesa.

Quaisquer um destes efeitos é por si só grave, mesmo quando não são invocados por uma instituição da República. São-no ainda mais incorrectos quando causados pelas acções e omissões daquele órgão de soberania que é responsável pelo normal funcionamento das instituições democráticas.

Por estas razões Cavaco Silva descartou a legitimidade que tinha enquanto Presidente da República. Por ser uma parte excessivamente interesseira, Cavaco não tem legitimidade para nomear o próximo governo do País. Cavaco não mostrou isenção suficiente para assegurar o bom funcionamento das instituições democráticas, nem para exercer o poder de veto relativamente ao aprovado pela Assembleia da República e pelo Governo. Cavaco mostrou não respeitar os eleitores e mostrou considerar que estes não sabem lidar com a verdade. Portugal é uma república democrática. Obviamente demita-se.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Previsões eleitorais

PS 33-35%

PSD 31-33%

CDS-PP 10-12%

BE 9-11%

CDU 8-9%

O MEP vai eleger Rui Marques.

ps: volto a dar cavaco nisto domingo ao lusco-fusco.

O melhor e o pior do PS Sócrates

No pior coloco a J.P. Sá Couto, a Liscont e o Armando Vara. No melhor a orientação da economia para a balança comercial, a ASAE e a justiça fiscal.

No excelente coloco a limitação de mandatos nos cargos políticos.

Na forma, rejeito os recursos dedicados a auto-promoção. Elogio a capacidade para decidir o difícil, a escolha de políticas que têm impacto a mais de 20 anos e a solução de coisas como as sanitas das prisões.

O que recordo do governo Sócrates

Quatro anos e meio:

  • freeport
  • J.P. Sá Couto
  • educação para novas tecnologias
  • inícios escolares
  • professores colocados por 4 anos
  • Liscont
  • limitação de salários e regalias de gestores públicos
  • escola a tempo inteiro
  • redução do numero de funcionários públicos
  • bolsa de aquisições da administração pública
  • publicação das despesas em concursos públicos
  • chips nas matrículas, cartão do cidadão, vídeo vigilância
  • empresa na hora
  • casa na hora
  • simplex
  • reorganização da rede de saúde
  • avaliação dos professores
  • recuos na avaliação dos professores
  • promoção da água quente solar e do fotovoltaico
  • interesse e preocupação com a balança comercial nas fontes de energia
  • investimento em novas tecnologias
  • acordos MIT, Carnigie Melon, nanotecnologia ibérica
  • mercado de certificação energética de edifícios
  • mais de metade de alunos no ensino profissional
  • corporativismo Galp
  • Armando Vara
  • Mota Engil
  • inglês a partir da primeira classe
  • aproximação das idades de reforma
  • viabilização das contas da segurança social
  • código do trabalho
  • alfabetização
  • ASAE
  • inacção na CP/REFER
  • ministros com 4 anos
  • ministros só para negociatas
  • PINs (Nissan, Pescanova, Sonae-Troia, Embraer)
  • plano tecnológico
  • financiamento e avaliação em investigação e desenvolvimento
  • limitação de mandatos
  • médicos e enfermeiros a lavar as mãos e a deixar os brincos nos cacifos
  • diminuição nas filas de espera na saúde
  • informatização da justiça
  • justiça fiscal
  • aumentos de taxas
  • limitação a 5% das derrapagens nas obras

O que é que esqueci?

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Você escolhe: em que Portugal acordamos?

Porque é que o PSD abdicou de fazer oposição com ética? Os problemas do PSD com a ética não começaram há 17 meses. Começaram antes quando uma maioria de portugueses apoiantes do PSD foi empurrada a suportar a tortura de seres humanos - a partir desse momento o destino do PSD ficou muito mais sombrio. E isso é mau para Portugal, para os portugueses, para a democracia e para as pessoas que se faziam representar pelo PSD - o problema é grave. Os portugueses de direita moderada precisam de ser representados na Assembleia da República.

Como é que os apoiantes do PSD vão ler estes acontecimentos? Hoje, acordamos num país onde uma maioria da direita cristalizou que não houve quaisquer descalabro ético, ou acordamos no país onde uma maioria da direita percebeu que ética é fundamental na política. Acordamos num país capaz de discutir com moderação e capaz de alcançar consensos políticos, ou acordamos num país de política entrincheirada onde as intrigas palacianas serão a moeda corrente.

A resposta a esta pergunta irá marcar Portugal durante largos anos.

sábado, 12 de setembro de 2009

Uma palestra sobre legislação da Inteligência Artificial (1)

Há meses tive oportunidade de assistir a uma palestra que discutia o enquadramento jurídico da inteligência artificial. Foi defendida a necessidade, e a pressa, de debater e escolher um enquadramento jurídico adequado às actividades de entidades artificiais inteligentes.

Tomava-se como partida que, num futuro próximo, irão surgir entidades com inteligência artificial (EIA) capazes de raciocínios autónomos; as primeiras formas serão constituídas por entidades de software que tomarão decisões autónomas, porventura capazes de negociar com outras EIA; as decisões tomadas terão implicações passíveis de serem litigadas.

Como exemplos apontava-se a exequibilidade de uma EIA a decidir divórcios de acordo com lei e com os requisitos de partilha dos divorciantes; apontava-se também a proximidade de obter uma EIA que tomasse decisões médicas ou recomendasse médicos no seu exercício; e ainda, um cenário de várias EIA a negociar entre elas títulos e acções bolsistas.

Confesso que na altura não entendi nem reconheci a necessidade apresentada. A atenção que despendi também não foi a melhor, tanto que acabei por ficar sem saber o nome do principal apresentador - o que, admito, é uma negligência da minha parte, da qual sou o grande perdedor. Em meu abono, e pelo que encontrei há dias no 4R, num post de JMFA, o debate sobre o uso de sistemas de apoio à decisão na justiça ainda não assentou e o exemplo mais imediato das EIA é a decisão de casos simples na justiça. Curiosamente o post de JMFA é titulado: Juiz ou Autómato?.

Recordo-me de ser sugerida a possibilidade de criar um novo tipo de personalidade jurídica - um conceito que, na minha grande ignorância legal, só conhecia dos sketches dos Gato Fedorento.

Só há pouco tempo, quando vagueava noutros assuntos, é que percebi a palestra. Estava a ouvir alguém a falar da justiça de os investidores usufruírem inteiramente dos lucros obtidos, porque foram aqueles que assumiram os riscos e os custos do investimento.

A estranheza com que recebi o que me estava a ser dado na palestra resulta de assumir um principio simples - que na altura me aparecia óbvio - quem constrói, sustenta e lucra com a EIA é que será responsável pelas consequências das suas acções.
Desconsiderando as tecnicalidades de definir o constrói, sustenta e lucra, parece um critério fácil, transparente, justo e pouco ambíguo. Não é?

Mas não vivemos num mundo assim.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Credo

Assentar a mensagem política em conceitos que podem ser decalcados em três parágrafos de texto da autoria de Salazar, de 1928, quando se é acusado de ser Salazarento é ...
E forçar o discurso da asfixia democrática para depois ir à Madeira dizer que é um bom exemplo - onde os dirigíveis de campanha de Manuel Monteiro foram abatidos a tiro e onde carros de candidatos do PS são queimados por desconhecidos; à Madeira, um bom exemplo?!
...
As afirmações anti-natura de MFL/PSD sobre a democracia, se tomadas pelo seu valor conjunto, duração e consistência, fazem soar campainhas, claro que sim!
Lê-se e não se acredita.
Para votar contra o Sócrates não é necessário dar suporte a isto.

domingo, 6 de setembro de 2009

Quem vence nunca desiste

Motivação é um conceito mágico. É muito simples, é sim, ou sopas; os seus efeitos são vastos e têm resultados poderosos.

Num ginásio que frequentei lia-se numa parede: «Quem vence nunca desiste. Quem desiste nunca vence» - gosto mais da primeira frase. Fala de uma motivação que vem de dentro, mais rara e mais pura mas como resultado final acaba por ter tanto valor como a motivação que vem de fora.

Motivação é a energia que nos empurra a procurar novas soluções; que nos empurra a arriscar essas soluções e que nos faz absorver muito mais daquilo que há a aprender no agora.

A falta de motivação é presa fácil, é tentar e não conseguir, tentar de novo e dizer foi quase.. e voltar a tentar igual, até os ombros caírem e uma corrida não ser mais que um andar esconso; é uma espera por qualquer coisa, que autorize a motivação.

Mas se as regras estão definidas e as leis são cumpridas não há «vitórias morais», não há «resultado mais justo», há Vitórias e há derrotas - tudo mais é sopas.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Encomendem os cachecóis

Com o seu eleitorado marcado por dúvidas, os acontecimentos do jornal de 6a serão o sal que não deixará mais estancar a ferida. A partir daqui, até às eleições, cada nova passada será mais difícil que a anterior.
Os eleitores do PS precisavam desesperadamente de alguma coisa que os fizesse sair de casa. Assolados pelas dúvidas, dia 27 será um dia de depressão logo desde a manhã.

Sócrates está a horas de perder as eleições.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Alguém atirou merda na ventoinha

O cancelamento do jornal de 6a feira na TVI com o consequente pedido de demissão da direcção de informação, de que Moura Guedes fazia parte, é uma história. Mas é uma história mais séria que as outras histórias desta campanha.

Não disponho de solidariedade para oferecer a MMG. Há muito que MMG negligenciava a capa que dizia vestir. Se MMG queria ser tratada como jornalista devia comportar-se como jornalista.

Mas junto-me à exigência de que o programa seja reposto com liberdade editorial e que as informações relativas à tomada de decisão da Media Capital sejam tornadas públicas de forma imediata e transparente. Como português eleitor ofereço-me até para hospedar o vídeo da famosa reportagem sobre o freeport. Ou para contribuir para um fundo que financie a sua publicação atempada e de acesso livre.

Como dizem os americanos, alguém atirou merda na ventoinha. Sei o que espero de MFL e o que espero de Sócrates, o tempo para reagirem adequadamente corre escasso. O pior que podia acontecer seria este caso diluir-se nas próximas semanas com a libertação pontual de factos adicionais e litros de tinta gastos em artigos especulativos.

Ando há alguns meses a ponderar no que foram os 7 casos horríveis da nossa 3a república. Espero que este caso não seja mais um candidato à lista nojenta.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Da Ética no PSD

O deslize ético do PSD vem da convivência com a corrupção nos dinheiros vindos da Europa, no 2o mandato de Cavaco Silva.

Numa lógica limitada até posso aceitar que a via do «comem todos» em vez de «haver moralidade» fosse uma das formas mais eficientes e menos trabalhosas de garantir e maximizar a entrada dos fundos comunitários no País. Mas já na altura essa era uma visão muito limitada e excessivamente unidimensional. A mesma bondade não pode ser aplicada quanto à forma conseguida (na altura) para lidar com as falências fraudulentas. Milhares de portugueses foram roubados por esses esquemas de falências. Com estas políticas estabeleceu-se, cultivou-se, seleccionou-se e propagou-se todo um tecido empresarial detentor de dinheiro e poder cujo core-business é a corrupção, o compadrio, a mentira e a fraude.

Findo o 2o mandato de Cavaco Silva a ética no PSD tomou duas evoluções. Na maioria o conceito estabilizou, por ser de importância considerada óbvia; nalgumas elites o deboche continuou, com a conivência do PS-Guterres.

A meados do 2o mandato de Guterres, Marcelo Rebelo de Sousa resolveu desafiar os valores dos militantes regionalistas para induzir uma derrota a Guterres - a dissonância é instalada, a ética torna-se um valor menos óbvio. Tudo pode ser manipulado até os referendos e as grandes escolhas do país.

O golpe fatal na ética foi dado com a necessidade de colocar o PSD a defender o execrável, para benefício do país através da manutenção do partido no governo.

Quando Durão Barroso se colocou numa posição política que obrigava o PSD a defender a tortura de seres humanos - pessoas, eticamente presumidas inocentes; foi posto em causa todo um sistema de valores que sustentava a ética. É esta contorção lógica que relativiza a ética como valor fundamental. O valor da ética dentro do PSD passou a ser menorizado por uma maioria de militantes.

Não é por acaso que nos últimos anos assistimos ao aparecimento de vários novos partidos na ala direita da política portuguesa.
Nos últimos 2 anos foram aprovados 4 novos partidos pelo tribunal constitucional; 3 são de direita.

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Right look

Na primeira vez que fui à Inglaterra vim de lá um bocado mais rico. Uma das pequenas preciosidades que trouxe foi a experiência de andar nas estradas inglesas.

As estradas inglesas são das estradas mais seguras do Mundo. Lá, têm uma taxa máxima de alcoolemia de 0,8 g/L (a mais elevada na Europa). É um país com um grande culto da bebedeira e não se encontra um Pub em qualquer esquina. Os radares de velocidade não podem estar escondidos, são fluorescentes, estão sinalizados várias vezes até uma milha antes da sua localização. A policia só pode parar os automobilistas em caso de infracção visível. São das estradas mais seguras do Mundo.

Diferenças visíveis para Portugal: muita, muita sinalização rodoviária de aviso; e radares sinalizados, fluorescentes, colocados imediatamente antes de locais perigosos.

Aqui, escondem-se os radares atrás de arbustos e viadutos, fazem-se fiscalizações ad-hoc, e paga-se a uma ou duas empresas para a videovigilância das autoestradas (provavelmente porque pertencem algum sobrinho de alguém e porque a vigilância tem que ser concessionada e paga todos os meses).

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Carl Rove, Palin e Bush na campanha em Portugal

Confesso que me assusta ver um balanço tão negativo na balança comercial de estratégias eleitorais. Assusta-me esta adesão voluntária um estilo de campanha baseado em emoções primárias. Sentir em vez de Pensar.

A importação começou com o Sócrates a usar o estilo Hillary Clinton: a encostar os adversários á parede, acusando a enfabulação onde "só a direita sabe decidir e fazer".
Ofendidos, seguiu-se a resposta com acusações de arrogância e com o swift-boating sem marés nem tempestades. Passamos à fase da dissonância onde qualquer numero pode ser convertido numa flecha politica, independentemente dos factos e da realidade. Vivemos a fase da mentira, da ocultação de factos óbvios e do apelo á decisão baseada em sentimentos primários. Não há necessidade de pensar, não há necessidade de ponderar, não há necessidade de negociar nem de reconhecer a humanidade dos outros; não há mais factos, não há mais realidade, não há mais dúvidas; há certezas; só há bons e maus; só há a penitência e o medo.

Todos os meios justificam o fim.

Até onde queremos ir?

Quais são os custos desta atitude?

Quem ganha e quem perde?

E daqui a 10 anos?

 

UPDATE: As declarações de Paulo Rangel sobre a ética são brutais.
De tão óbvio parece ridículo defender a ética; mas o momento está aí.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Jornal Público

Infelizmente já tinha deixado de comprar o Público há alguns anos. Parei quando descobri que andavam a repetir artigos de opinião, republicando-os alguns meses depois. Comprava o jornal pelo valor que me trazia, ao repetir textos o valor diminuiu; além disso ficava com a sensação amarga de estarem dispostos a tomar os clientes por parvos. E quando se está disposto a desrespeitar os clientes a decadência pode ser lenta mas é inevitável.

Isto foi bem antes deste Público mais recente. Agora está pior. Abdica de todos os critérios jornalísticos. Serve de placard de recados. Sem quaisquer contraditório, sem quaisquer critério, sem responder ao que merece resposta, nem perguntar o que deve ser perguntado. Passaram a contar estórias com a estrutura e conteúdo típicos de um episódio de DragonBall. Tem como grande objectivo manter os cada vez menos leitores agarrados à novela de vão de escada que vai sendo criada de semana a semana.

A estória do assessor anónimo da casa civil da presidência da republica está muito mal contada. Quem tem a responsabilidade de relatar bem as histórias são os jornalistas. O Público dispôs-se a fazer um péssimo trabalho. Não esclarece ninguém e que lança lodo sobre todos.

O jornal Público não é uma simples empresa, é também um jornal e por isso tem uma direcção editorial e tem jornalistas. São estas as pessoas que se dispõem a desrespeitar os leitores. Na ficha técnica disponível pode-se encontrar uma lista de jornalistas e editores do Público. Infelizmente algumas noticias não são convenientemente assinadas.

Mas a decadência do Público não se fica por aqui, tomou o jornal em várias frentes.

Também têm andado a experimentar com o google news - assim a ver se cola. Sempre que aparece destacada uma noticia do Público, o paragrafo usado para apresentar a noticia não é o primeiro paragrafo da notícia, não é nenhum paragrafo da noticia; é o comentário á noticia mais votado - aquele comentário inflamado, votado pela maioria dos comentadores inflamados, numa dinâmica de linchamento público.. é esse que aparece. Mas é só nos cadernos. A ver se cola. Plausible deniability chamam-lhe os americanos.

Será que os anunciantes financiadores do Público iriam ficar orgulhosos de serem associados a tal comportamento?

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Ter medo.

No sábado FJV publicou no Origem das Espécies uma curiosa sátira que exulta os leitores a ridicularizarem e desprezarem as consequências da eleição de MFL: Se o medo pode dar votos, tenham medo. Infelizmente o voto não serve apenas para distinguir o bom do ainda melhor.

Eleger MFL tem consequências. Algumas boas, outras más. Nas más, a experiência e a probabilidade dizem que pode ocorrer haver, como já houve, um discurso da tanga, ou um negócio estranho, ou uma decisão suficientemente fora do razoável que lance a economia no lodo. Isso já aconteceu com MFL. Uma decisão do tipo António Preto + Couto dos Santos + João de Deus Pinheiro, quando no governo, afecta quaisquer sistema imunitário e expõe a economia a mais incertezas e consequentemente a maiores riscos e maiores custos - há quem se possa sentir tentado a contrapor que por vezes isso acontece com boas decisões, é verdade; por razões óbvias não é esse o caso.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Um caso de gripe A em Portugal

Hoje a falar com uns vizinhos cá da terra descobri que estiveram 4 dias fechados em casa por causa da gripe A. O filho adolescente foi passar uma semana a Espanha e chegou infectado mas ainda sem sintomas. Quando começaram a aparecer os sintomas de febre e distúrbios gástricos os pais ponderaram leva-lo às urgências mas tiveram a clarividência de ligar para a linha saúde 24 (808 24 24 24).

Com os sintomas e o histórico de viagens foi logo identificado como um caso potencial de H1N1. Foram imediatamente aconselhados a não sair de casa e esperar a assistência que se deslocaria a casa deles e os iria levar ao hospital São João no Porto (aqui a uns 60 km).

Foram levados ao hospital, recebidos em espaço próprio, diagnosticados, trazidos a casa e medicados. Foi-lhes recomendado não saírem de casa - nem os pais, nem os 3 filhos. Foi-lhes destacada uma delegada de saúde para acompanhar o desenvolvimento da doença, para os visitar em casa e para lhes levar a medicação.

Pelo meio uma da filhas de 6 anos ficou também infectada tendo sido acompanhada pela delegada de saúde.

Apenas tiveram falta de água engarrafada o que resolveram com um telefonema a amigos para que lhes deixassem a água à porta.

No final dos 4 dias foi-lhes dito que passou e deixados à vida deles.

Uma história de 1o mundo.

Fantástico, não é?

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Está a vista o liberalismo em Portugal. Passos Coelho: um burocrata ou um liberal?

A decisão das listas tem o mérito de ser muito clarificadora. Já ninguém precisa de ver o programa do PSD - depois de 4 anos de opiniões desconexas já se sabe para que lado vai coalescer o PSD. Com esta clarificação (que é bem vinda) ou MFL, acertadamente, continua o esforço de Sócrates em cumprir o programa proposto - o que seria um excelente sinal para a democracia portuguesa; ou enche o programa de palavras ocas que encantem as diversas correntes orfanadas dentro do PSD.

Mais interessante para mim é estarem à vista os valores que conduzem PPC e a ala liberal. Ou Pedro Passos Coelho assegura a sua longa carreira politica no aparelho do PSD ou assume as politicas que defende para o País. Porque as visões publicitadas por PPC e MFL são incompatíveis.
MFL usa o mercado, acredita nas corporações. MFL representa um PSD que quer diminuir o estado e aumentar o peso das empresas na sociedade mas que nunca se interessou em fiscalizar nem em agilizar o mercado. A postura perante as falências fraudulentas, perante a utilização dos subsídios agrícolas da PAC, pela forma como a ANACOM foi esvaziada para fechar o controlo das redes móveis à ONI e a forma como encara o desempenho da ASAE exemplificam bem que concorrência desleal nunca foi uma preocupação.
Já PPC fala muito mais em mercado. A minha grande dúvida é em saber quanto desse discurso existe apenas para encantar as juventudes de direita (naturalmente mais liberais e menos conservadoras). Perante esta escolha, PPC vai ter que mostrar o que tem mais valor na perspectiva dele: se a carreira de burocrata do PSD, se as ideias de mercado aberto para o País.
Paralelamente coloca-se uma questão parecida a todos aqueles eleitores que se sentem de alguma forma representados por PPC: abdicar do mercado em favor do corporativismo, das leis feitas à medida dos grandes grupos económicos e de um estado menor ou partir à luta num ano difícil para defender o liberalismo de mercado.

Com este exercício MFL coloca o liberalismo entre a ravina e a caverna. A escolha de Passos Coelho é particularmente simples. Esta escolha de MFL, além de clarificadora, tem a vantagem estratégica de relaxar as hostes do PS/Sócrates e com isso desmobilizar o combate político.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Incompetencia: o PSD não se enxerga

Não me é dificil imaginar um PSD onde fosse capaz de deixar o meu voto. Simplesmente não consigo. A visível falta de renovação dos corruptos do 2o mandato de Cavaco e a flagrante incompetência são demasiado caras.

No blog eleitoral Jamais pode encontrar-se um post com título a Incapacidade de olhar o próprio umbigo mas logo mais abaixo encontra-se:

O "Jamais" no Diário Económico
publicado por Rodrigo Adão da Fonseca em 03 Ago 2009, às 13:45
(...) Por erro, o Diário Económico apresenta o "Jamais" como se fosse um "blog crítico do PS". Esta classificação é da responsabilidade do DE. O Jamais é um blogue de apoio ao PSD nas próximas eleições, e tem o seu espaço de afirmação próprio, como aliás se pode constatar pelo seu conteúdo e pelo tipo de colaborações que foram dinamizadas. Fica o esclarecimento, para quem pudesse ter dúvidas.

No cabeçalho do mesmo blog pode ler-se o título do blog e uma definição:

Mais quatro anos de governo Sócrates? Jamais
Jamais - Advérbio. Nunca mais, outra vez não, epá eles querem voltar. Interjeição muito usada por um povo de dez milhões de habitantes de um certo cantinho europeu, orgulhoso do passado mas apreensivo com o futuro, hospitaleiro mas sem paciência para ser enganado, solidário mas sobrecarregado de impostos, com vontade de trabalhar e meio milhão de desempregados, empreendedor apesar do Estado que lhe leva metade da riqueza, face à perspectiva terrível de mais quatro anos de desgoverno socialista. Pronuncia-se à francesa, acompanhado ou não do vernáculo manguito.

Para mais um post no mesmo blog, sobre o mesmo assunto mas com outro nome.
LINK: As pessoas não são parvas

domingo, 26 de julho de 2009

Campanha bipolar

Não me recordo de uma silly season nomeada tão apropriadamente quanto este verão de campanha bipolar.

O PS de Sócrates encontra-se numa situação periclitante. Com um eleitorado desmobilizado quer pela crise global, quer por uma governação mais à direita que o desejado, quer pelas confusões de Manuel Alegre, quer ainda pelos seus 40% de professores e demais funcionários públicos que entraram em modo corporativo a proteger os seus privilégios. Também não estará alheio á doença da esquerda europeia.
As lideranças da esquerda portuguesa dividem-se entre aquelas que têm medo do que aconteceu em França e Itália, aquelas que acham que esse é um mal da Europa central, manietada pelos fascismos alpinos e as que acham que é necessário bater no fundo para conquistar a montanha.
Fica por saber de que lado está o eleitorado da esquerda. Se estão dispostos a tolerar um PS com um s minimalista ou se pelo contrário continuam fieis aos seus tradicionais e inegociáveis princípios.

Na direita, ofendida pelos casos Freeport e Independente, com o PSD mobilizado por uma grande vitória nas europeias e acossada por uma crise global em que muitos lhe apontaram o dedo, o eleitorado liberal parece disposto a aceitar tudo para segurar a sobrevivência Do Mercado no discurso político. Parecem até dispostos a aceitar o conservadorismo corporativo do PSD pós Cavaco Silva.
Sobre os conservadores patriotas vai saber-se quanto incomoda a aproximação e convivência com um Paulo Portas que teve tiradas tão patriotas como dedicar funcionários e recursos do ministério da defesa para copiar 60'000 páginas de documentos para uso pessoal.

Este é um verão que promete, tudo o que se fizer agora vai ditar a cor das folhas do outono.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Neda (1982-2009)

No que será por mim recordado como uma das coisas mais chocantes que vi e que espero ver na minha vida. Uma página sobre a vida de Neda Agha Soltan.

We Are All Neda

domingo, 21 de junho de 2009

Ética, abstenção e o diálogo de surdos

Há um fenómeno que é para mim razoavelmente novo, um extremo dialogo de surdos a um nível muito próximo dos eleitores.

É um patamar de conflitualidade onde eleitores e comentadores ignoram as motivações dos adversários políticos, classificam as suas e as outras opiniões com base em preconceitos e pressupostos e passam a gerar toda a argumentação política em volta deste desconhecimento.

Esta é uma situação particularmente má. Impede a geração de consensos e de resultados negociais ganha-ganha. Com prejuízos óbvios para o País e para os portugueses.

Abre a porta a que os políticos e agentes políticos disfarçados de comentadores possam dizer as maiores alarvidades sem que isso seja reprimido pelo seu eleitorado típico e conseguindo até garantir alguma vantagem eleitoral.

Como é que João Jardim ou Berlusconi ou Bush ou Sarkozy ou Chaves ou Tony Blair, conseguem tirar proveito de incontáveis e chocantes afirmações de meias-verdades, falsidades e alarvidades descaradas.

Por um lado, esta vantagem vive da facilidade com que este tipo de discurso abjecto se adiciona aos meios de comunicação tradicionais. O "sound-byte" e a dissonância são técnicas de comunicação que geram muita resposta que garantem presença mediática.

Mas esta indiferença dos eleitores perante as técnicas e deséticas dos políticos permite ainda juntar uma outra manipulação onde se ofende e desmotiva os eleitores típicos dos adversários políticos pela vantagem de conseguir meio voto com cada abstenção de um voto possível no adversário.

O eleitorado flutuante ou indeciso, muitas vezes referido como fiel da balança, é constituído por muito poucas pessoas dispostas a votar em diferentes partidos. A maior parte da indecisão cabe em saber qual fracção desses indecisos irá sair de casa e votar.

domingo, 14 de junho de 2009

Irão lá?

Telefones cortados, sms encalhadas, twitter, facebook e blogs com acesso impedido. Bloggers, lideres da oposição e críticos das eleições aprisionados.
...
Os instrumentos de censura (e de tortura) podem passar muito tempo na prateleira de um grande e bondoso sábio mas vem sempre o dia em que acabam por ser usados.

domingo, 24 de maio de 2009

Itália : estes sintomas têm doença?

Recordo-me de, há algum tempo, falar de degradação voluntária da democracia. Um tema bem interessante explorado de forma curiosa numa sátira de Tim Burton, idiocracy. Leva-me a divagar sobre a falta de opções de (liderança) politica, uma espécie de síndroma da assembleia de Estocolmo.

Itália é um caso especial. Em poucos países democráticos e desenvolvidos se tem visto tanta regressão politica e social. Outros poderão contrapor o Reino Unido, os EUA e a Austrália - a Venezuela e a Bolívia não me parecem ser casos de regressão.. parecem-me casos de mudança horizontal - um "sai da frigideira e cai no fogo".

Ora Itália está a tornar-se num peculiar parque temático:

  • catalogação com base na etnicidade, incluindo o registo de crianças numa idade muito mais precoce que a requerida para as crianças da norma
  • proibição de ajuntamentos na via pública de mais que 5 pessoas numa cidade italiana
  • leis mudadas por encomenda com efeitos retroactivos para safar o politico mor
  • utilização de milhares de soldados para policiamento. Em cidades com indicadores de segurança normais na Europa
  • criminalização da imigração ilegal
  • enquadramento legal para a criação de milícias de cidadãos.

Há um nome que vem à cabeça de toda a gente, ainda não escrevi. É propositado.
Em democracia tudo parte de uma massa critica de pessoas e em Itália há uma massa critica de italianos que não só se tornou sustentável e significativa como adquiriu dimensão para poder segurar nas rédeas do país.

O que vem a seguir? O que será suficiente para identificar a doença? Vai ser a tempo da prevenção ou já só vai lá pela cura?

Quando é que haverá uma massa critica de pessoas para as quais esta vai ser a principal questão politica? Mais importante que as horas de trabalho ou que a flexibilidade do despedimento, ou a privatização da saúde, ou ainda que a eutanásia ou o casamento de homossexuais ou até que o comercio externo. Essas pessoas conseguem juntar-se sem apelos públicos às massas?

quinta-feira, 14 de maio de 2009

A dissonância da tortura no PSD

No 4R, Salvador Massano Cardoso começava por dizer "Torturar é um ato eminentemente humano." para acabar a perguntar "O que leva algumas pessoas, a pretexto da religião, praticar crimes contra a humanidade e a aceitar práticas proibidas pelos códigos religiosos?". De facto é uma pergunta valiosa. Tem zero comentários no 4R.

Também seria interessante saber porque é que algumas pessoas escolhem desculpabilizar a tortura.

Há três meses no mesmo 4R havia um festim. Um festim de comentários jocosos à insistência de Ana Gomes sobre os voos da CIA.
No mesmo blog JM Ferreira de Almeida aponta as palavras asco e náusea para os que insistem em conhecer o envolvimento de Portugal no programa de tortura; já para a tortura em si chega a prosa de uma comissão da ordem dos advogados.

Ontem Maria João Marques falava em tortura com o "respeito possível pela saúde" dos detidos. Antes tinham sido no Cachimbo de Magritte e também no insurgente, entre as ondas de multiplicação que dai saíram.

Ainda há relativamente pouco tempo podíamos ver Arnaut, como representante do PSD, na convenção do partido republicano, a tirar o chapéu aos 8 anos W. Bush.

É claro que ainda ninguém esqueceu Durão Barroso, no papel de mordomo da cimeira da invasão do Iraque. Escolheu fazer de conta que ninguém sabia de nada.

Na prisão dos EUA de Guantanamo houve prisioneiros não julgados que foram torturados 183 vezes num mês. Outros foram torturados mais de 80 vezes no período de um mês.

183 vezes por mês. 6 vezes por dia.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Dinheiro vivo? Porreiro pá!

As empresas têm, e muito bem, que fazer passar por uma conta bancária todas as movimentações de dinheiro com terceiros. Os idosos têm que ter uma conta para receber a pensão. Os partidos não, em portugal.

Em Portugal.

LINK: Paixão da Leitura "desplante"
LINK: Palavrossavrvs Rex "erro, escândalo"
LINK: Movv.org "mais 60 vezes do que a lei anterior"
LINK: Democracia em Portugal "máfia oligárquica"
LINK: O Cachimbo de Magritte "bloco total"
LINK: Abrupto "absolutamente inadmissível"
LINK: Público "Partidos podem receber mais de um milhão de euros em dinheiro vivo"
LINK: Público "em surdina"
LINK: Tomar partido "um sinal de empenhamento no combate à corrupção"
LINK: Câmara de Comuns "impecável"

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Modelo de previsões, muito crú, para o novo vírus de gripe suína H1N1

Com as curtas informações disponíveis pelos jornais e com alguns truques de matemática construí um pequeno modelo para a evolução do novo vírus da gripe suína h1n1.
A data inicial apontada é 18MAR, o número de casos a 27ABR são 1400 com 100 vítimas suspeitas. Não estão a ser descontados, como contribuintes para a disseminação, os casos com vitimas mortais. Os cenários:

N. de contágios médio por caso1.12.04.06.08.016.032.0
T. de incubação até novos contágios12h4d5h9d11h12d15h16d2h24d19h36d16h
Previsão do n. de casos em 30ABR2393228821722107206219581859
Previsão do n. de novos casos em 30ABR993888772707662558459

700 novos casos em 3 dias! 7 vitimas mortais. Amanhã deverá estar a falar-se de 1600 casos; mais quase 200 casos, mais 1 a 2 vitimas mortais.

Pandemia e emergência, palavras da OMS. Parecem ser pouco fortes para ouvidos endurecidos pelo estardalhaço corrente dos meios de informação tradicionais.

É claro que agora todos sabemos. A contenção pode minimizar estes números. E os números de base podem ter muito erro.

A reunião dos ministros da saúde da União Europeia vai parecer tarde.

domingo, 19 de abril de 2009

Informação, democracia, copyright e censura

Esta semana os gestores do PirateBay, site de partilha de ligações web para ficheiros digitais, foram condenados pelo exercício desse site.

Direitos de autor e copyright são uma questão de sobrevivência da democracia.
No mundo com internet qualquer tipo de informação é traduzido para 0 e 1's: músicas, documentos, blogs, videos, jogos, notícias, tudo! Tudo na internet são zeros e uns - tudo. Para manter os direitos de autor nos moldes de vigilância propostos pela indústrias discográfica e cinematográfica é necessário controlar os 0 e 1s. Controlar 0 e 1s é controlar informação. Não é possível controlar o fluxo de informação sem a ler. Nem é possível controlar informação sem montar ferramentas que permitam impedir esse fluxo de informação.
As ferramentas e e regras propostas, explícita e implicitamente, pelas indústrias cinematográfica e discográfica são ferramentas de censura.

sexta-feira, 10 de abril de 2009

RTP faz um favor ao PSD e bota abaixo Sá Fernades

Clique para seguir para o site na RTP. Veja-se como a RTP define Sá Fernandes numa peça sobre o cartaz do PSD no Marquês de Pombal.

A peça de desinformação é concluída com: "eleito pelo Bloco de Esquerda, Sá Fernandes, ficou conhecido pelo embargo de 7 meses às obras do túnel do Marquês." - Curioso! Eu conheço Sá Fernandes por ter recusado um suborno de 200'000Eur daquele senhor da Bragaparques que acabou condenado com uma multa de 5000Eur.

Para este nível de informação, de serviço público, a RTP recebe mensalmente mais de 4'000'000Eur (4 milhões mensais) a partir dos 1.41Eur escondidos na factura da electricidade.

Na 2a parte do Telejornal de 9Abr. A peça começa aos 6m 56s; o péssimo serviço público é aos 8m 14s.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

O MEP ainda não ganhou o Iowa - roteiro blogosférico para conhecer o Movimento Esperança Portugal

Tão ou mais interessantes que os posts apontados são os comentários; dão uma visão informal sobre o partido que me parece mais objectiva e desmanipulada que os posts em si.

Para a linha oficial e alinhada os destinos são os sites do MEP, do MEP Europa, o blog Ao Sabor do Vento de Rui Marques (fundador), o Adufe de Rui Branco (que lá tem uma declaração de filiação: Aderi ao MEP) e o Farmácia Central onde o hirudoid deixa as suas simpatias.
Também temos os de Laurinda Alves mas confesso que esperava mais conteúdo de um candidato a deputado europeu: A Substância da Vida e Crónicas de Campanha.

Visto de fora, para alguns, é uma manipulação eleitoral do PS de Sócrates através da amizade de Pedro Silva Pereira com o fundador Rui Marques - comentário no Activismo de Sofá. Para outros são os Pilatos de hoje que arrependidos lavam as mãos sobre a maioria do governo - comentário de JotaC no 4R.
Na esquerda, aquela mais à esquerda, foca-se a cristianidade e aponta-se o movimento como sendo a fénix da famosa 3ªvia - Jugular e Nuno Castro.
No Banco Corrido, de Paulo Pedroso, o método é a desvalorização. Interessante também é a série no Activismo de Sofá: 4Mar08, 5Mar08, 12Mai08, 5Out08.

Os delitos mais frequentes são o centrismo proclamado, a falta de ideologia e a falta de objectividade: Suzana Toscano no Quarta República, Intervenção Maia, Paulo Guedes da Silva, Da literatura, Para Mim Tanto Faz, o comentário de afm no Nortadas, A Origem das Espécies.

Uma coisa é certa, consegue criar expectativa na blogosfera politiqueira.
Se conseguirem aguentar-se nas europeias podem ganhar lugar nas sondagens das legislativas. Mas mais 2 meses com esta fotografia e não vão a lado nenhum.
Precisam objectivar e concretizar a sua mensagem, especialmente por parte de Laurinda Alves.

O MEP ainda não ganhou o Iowa.

segunda-feira, 30 de março de 2009

"Maddie marca encontro no freeport com jovem casapiano para entregar documento anónimo sobre o caso da morte de Sá Carneiro."

Qual é a palavra que não combina com esta frase?- É a pergunta feita por Bruno Nogueira sobre uma frase que esta recorda.

segunda-feira, 23 de março de 2009

Armas não letais, Sócrates, António Costa e Socialismo

No site da New Scientist encontrei um artigo que associa as armas TASER X86 com a morte súbita de pessoas sob custódia da policia.

Na Califórnia, aumentou 6 vezes o numero de mortes súbitas de pessoas sob custódia policial durante o primeiro ano de utilização destas armas ditas não letais.

O governo Sócrates, quando António Costa ministeriava a administração interna, adquiriu armas destas. Não se conhecem procedimentos de utilização nem a frequência com que são utilizadas.
A nível mundial os casos de má utilização são frequentes.

Volto a sublinhar:
(...) Na perspectiva de quem usa a arma [taser x86], os riscos associados a uma utilização imprópria são muito menores que quaisquer outras ferramentas ou métodos de controlo de pessoas. O agente que for apanhado sujeita-se às mesmas consequências de sempre. Contudo a probabilidade de ser apanhado ou de ser apanhado sem oportunidade de distorcer a situação é muito menor. (...)

LINK : Taser guns 'raised deaths in custody'

segunda-feira, 16 de março de 2009

Movimento Esperança Portugal, um novo partido político

É um projecto novo com poucas caras-tipo da politica. E não é radical, o que é inovador. Por ser um partido novo tem um grande handicap: não é possível conhecer as estratégias e comportamentos que irá adoptar na arena política. Sabem o que é comunicação e põem esforço nisso. Têm um site cheio de informação e disponibilizam as tomadas de posição publicadas.
Usam uma linguagem que me parece falha de confiança - ao quererem ser inclusivos alargam-se num discurso que perde alguma objectividade e pragmatismo. É um movimento que parece ter nascido nos referendos sobre o aborto.

Coesão social parece ser uma preocupação fundamental no programa mas não encontrei nenhum objectivo explicitamente definido.

A orientação do estado para o cliente-cidadão é uma das visões transversais apontadas. A avaliação, como forma de melhoria, é também bastante focada - particularmente na saúde e na educação.

No ambiente revelam uma tendência política que sempre achei sub-representada: gestão ambiental sob a perspectiva da integração cultural e preservação do meio. O que me parece politicamente interessante e diverso na divisão típica entre direita e esquerda.

Encontrei referencias à descentralização, especialmente das escolas. Por omissão pressuponho que a regionalização (como criação de um novo patamar administrativo) seja vista como inconveniente ou desnecessária.

Quanto à economia são mencionados os tradicionais esforços pela melhoria da balança comercial através da inovação e da criatividade. É assinalado o contexto de globalização. Parece-me pouco.

Sobre segurança a ideia é proximidade. O mesmo qualificativo podia ser usado para o tema europa.

Sobre turquia, impostos, medicamentos, copyright, concorrência e ciência não encontrei nada que recorde.

Como partido novo esperava que dedicassem mais atenção às regras e modos da nossa democracia.
É um projecto com grande potencial. Posicionado no centro mas alargando o espaço de discussão política. Podem ser os representantes certos para um largo conjunto de pessoas que sempre estranharam as hipóteses que lhes davam a esquerda e a direita típicas.
Têm um site com muita informação e disponibilizam as tomadas de posição publicadas. Recomendo.

LINK : MEP, Movimento Esperança Portugal

sábado, 14 de março de 2009

Portugal, exemplo de sucesso nos Estados Unidos

No blog de Glenn Greenwald, um comentador da esquerda americana, Portugal é apontado como um caso de estudo, e de sucesso, no combate ao consumo de drogas por via da descriminalização.

A descriminalização iniciada em 2001 foi analisada por um estudo do instituto CATO, após 7 anos da implementação.

LINK: The success of drug decriminalization in Portugal
LINK: The effects of decriminalization of drug use in Portugal [PDF]

terça-feira, 10 de março de 2009

BREAKING NEWS : Manuel Alegre garante reeleição de Cavaco Silva

Entitlement. A aldeia global e a nossa aversão por criar novas palavras tem destas coisas. Palavras portuguesas. Por vezes ando à procura da expressão certa para uma ideia que me anda na cabeça. Qual é a expressão portuguesa que consegue expressar a ideia, o conceito, de entitlement.

A definição inglesa descreve-a como um « ter direito a ». Seria uma boa tradução. ..ou só razoável.. o conceito que tenho no pensamento não fica bem descrito. A versão portuguesa teria que ser um « ter direito a » mas mais acusativo. Mais incisivo. Com decisão.

Entitlement

segunda-feira, 2 de março de 2009

Um outro partido político

Quando penso em política vem-me sempre à cabeça nossas as limitadas opções. É um mal que afecta muitas democracias - quer pela forma que tomam, quer pela percepção que os eleitores têm delas.

Ponho muito mérito em conseguir enriquecer a democracia em favor dos eleitores.

Há cerca de um ano foi criado em Portugal um novo partido - o Movimento Esperança Portugal. Creio que foram os primeiros a perceber a força do marketing da campanha de Obama. E o PCP até já lhes foi buscar um dos slogans. Mas a combinação entre partidos, slogans e marketing têm um longo défice de créditos de boa vontade.

O que é necessário para um partido (novo) me convencer?
É claro que já devia saber a resposta. Pensava eu. Como muitas perguntas de resposta óbvia, deixam de o ser quando se verbaliza a pergunta.

Comecei por fazer uma lista de assuntos. coesão social, saúde, inovação, justiça, estado, segurança, terrorismo, europa e globalização.
A sequência talvez surpreenda mais a mim do que a si.

Para ser ainda mais sucinto podia resumir em: justiça, segurança, igualdade de oportunidades e controlo sobre o futuro. ... Estranha-me este entranhar da incerteza.


Há outras palavras chave: turquia, impostos, income gap, médicos, medicamentos, função pública, copyright, liberdade, criminalidade, uninominais, erros processuais, ambiente, concorrência, inovação, comercio externo, tecnologia, ciência, escolas ...

Vou deixar os próximos dias para o MEP. Depois volto com um balanço.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Liberalismo desequilibrado

Bónus em Wall Street desde 1985 a 2008. Retirado sem autorização de Der Spiegel, em 21 Fev 2009.

domingo, 22 de fevereiro de 2009

ecos

"Como crente numa entidade ou inteligência superior já há muito que percebi que Deus adora sexo!", de Leonor A. Matos nos comentários do portugal dos pequeninos.

sábado, 21 de fevereiro de 2009

Opiniões com valor

No O Valor das Ideias encontrei uma posta de Carlos Santos que apreciei e recomendo.

(...) Nobel da Economia. Paul Samuelson (...) : "Today we see how utterly mistaken was the Milton Friedman notion that a market system can regulate itself." "Everyone understands now, on the contrary, that there can be no solution without government". "(...) fiscal policy and deficit spending has a major role to play in guiding a market economy. (...)"
(...) convém salientar (...): a auto-regulação dos mercados é (...) uma ideia utópica (...)
Na actual crise, a progressiva desregulamentação dos mercados financeiros, e a incapacidade do legislador se manter actualizado com a inovação em produtos financeiros criou estímulos para excesso de exposição ao risco de crédito da parte de muitos bancos. (...)
A regulação é uma peça fundamental e não constitui intervencionismo na economia. (...)
Em circunstâncias normais, a propriedade privada é um valor importante. E o estado não deve gerir bancos. Mas é ridículo alegar que nestes dias, os privados o farão melhor: está à vista. (...)

Destaques e selecção feitos aqui; a argumentação é mais longa e vale a leitura.
Recomenda-se vivamente para aqueles que vivem em estado histriónico a tentar defender as suas crenças de vida, apesar das evidências.
A fraca formação matemática e a simplicidade dos modelos usados pelos profissionais da economia faz com que desvalorizem conceitos fundamentais como o estudo da dinâmica de sistemas complexos e a teoria dos jogos. A assimetria de informação e a utilização de estratégias imediatistas minaram o resto.

Salário, rendimento, oportunidade e justiça

Em Portugal o mais pobre de entre os 10% mais ricos ganha 15 vezes o que ganha o mais afortunado de entre os 10% de portugueses mais pobres.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Façamos de conta como o Mário Crespo

Façamos de conta que Mário Crespo não é jornalista e que não sabe fazer melhor.

Façamos de conta que não há três documentos diferentes a dizer que são a carta dos ingleses, a circular nas caixas de mail.
Façamos de conta que a comissão europeia nada tenha dito sobre o Freeport.
Façamos de conta que a investigação Freeport não funciona em pré-campanha.

Façamos de conta que a licenciatura do Socrates É um caso de estado.
Façamos de conta até que Bill Gates tem uma licenciatura.
Ou façamos de conta que o dono da IKEA tem formação universitária.
Façamos de conta que ter curso superior é condição para saber fazer.

Mas façamos de conta...
Façamos de conta que Portas não usou o Ministério da Defesa para se apoderar de 62 mil documentos.
Façamos de conta que Manuela Ferreira Leite nunca esteve no governo.
Façamos de conta que o PSD se renovou nos últimos 25 anos.

Façamos de conta que Manuela Ferreira Leite quando disse que não acreditava na democracia não queria dizer nada disso. Façamos de conta que o que disse não condiz com o que fez.
Ou ainda façamos de conta que Manuela Ferreira Leite, ministra das finanças, tenha feito mais com menos dinheiro.
Façamos de conta que não vendeu patromónio do estado ao desbarato.
E façamos de conta que a conversa sobre "a Tanga" tenha sido responsável.
Façamos de conta que nos esquecemos das falências fraudulentas ou dos subsídios agrículas para comprar jipes e carros (feitos em Portugal).
E já agora façamos de conta que o comunismo funciona ou que o partido dos verdes existe ou ainda que o bloco não é comunista.

Façamos de conta que Tudo está mal e que a alternativa é o Paraíso.

Façamos de conta que não é infinitamente ridículo e perverso comparar Sócrates a Chaves, Mugabe, Castro, Eduardo dos Santos ou Kabila.
Façamos de conta à terça que Mário Crespo não entrevistou o ministro Pedro Silva Pereira e à segunda que o governo controla exclusivamente o SIS ou já agora a televisão.

Façamos de conta que Mário Crespo aproveitou o seu pedestal para fazer crescer a democracia e para ajudar -nos - os portugueses.
Façamos de conta.

LINK: JN

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Um partido que não serve o País II

O partido que não se renova. Que não oferece nada de novo ao País. Onde estão as propostas para melhorar a democracia? Onde estão as propostas para envolver os portugueses? Quando é que vamos votar em pessoas? Quando se vai abdicar do caciquismo interno? Quando vamos ter acesso fácil às contas de um partido?

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

O Maior Escândalo do momento na Europa

Num caso com mais evidências que o Freeport descobre-se no jornal alemão Der Spiegel os eventos que relatam o perdão do Papa Bento XVI a uma congregação que nega a ocorrência do holocausto.
Deixo aqui uma tradução da sequência de eventos que levaram ao que é o maior escândalo do momento na europa.

Novembro 2008
Numa entrevista a uma estação de televisão sueca, na Alemanha, o bispo Richard Williamson nega que tenham sido gaseados Judeus no 3ª Reich. "Acredito que não existiram câmaras de gás," disse. Disse também que apenas 200'000 a 300'000 Judeus terão morrido em campos de concentração, em vez dos 6 milhões normalmente aceites.

Janeiro 19, 2009
O Der Spiegel noticia a entrevista televisiva de Williamson.

Janeiro 21
A entrevista é mostrada na televisão em Jan. 21; 2 dias depois da notícia no Spiegel. Nesse mesmo dia o Papa Bento XVI assina um decreto levantando a excomunhão a 4 bispos associados à ultra-conservadora Sociedade Santo Pio X (SSPX). Williamson, que nega o holocausto, é um dos perdoados.

Janeiro 22
Na quinta-feira o diário italiano Il Giornale noticia o decreto.

Janeiro 23
Na sexta, a agência noticiosa do Vaticano KNA relata que a procuradoria pública da cidade alemã Regensburg irá processar o bispo Williamson por quebrar a lei alemã sobre a negação do holocausto. Nesse mesmo dia o (mesmo) relato é emitido na radio Vaticano e publicado na página de internet.

Janeiro 24
No sábado, o Papa anuncia oficialmente que pretende aceitar o regresso à Igreja Católica de 4 bispos da SSPX. O representante público do Vaticano Federico Lombardi celebra a decisão como "um passo importante para uma completa unificação" da Igreja Católica.

Janeiro 26
A discussão aquece. O vice-presidente do conselho central de Judeus na Alemanha, Dieter Graumann, qualifica a decisão do Papa Benedito XVI como "um incompreensível acto de provocação.". A conferência de bispos alemã distância-se de Williamson. O vice-presidente do comité central de Católicos, Heinz-Wilhelm Brockmann, defende as acções do Papa como "uma tentativa de unificar a Igreja.".

Janeiro 28
Na sua audiência de quarta-feira, no Vaticano, o Papa Bento XVI renuncia a negação do holocausto. Oferece garantias aos Judeus que têm a sua "total e indisputável solidariedade.".

Janeiro 29
Federico Lombardi, representante público do Vaticano, explica que quem quer que negue o holocausto está a "negar os valores Cristãos.". Acrescenta que "esse é ainda um erro mais grave quando cometido por padres ou bispos.".

Janeiro 29
O Cardeal Dario Castrillon Hoyos alega que não sabia de nada sobre a controversa entrevista televisiva quando o decreto foi libertado. Hoyos foi um dos que liderou as negociações com a SSPX para o levantamento da excomunhão. O conselho central de Judeus da Alemanha corta o diálogo com a Igreja Católica.

Janeiro 19
O Papa promove o padre ultra-conservador Gerhard Wagner a bispo auxiliar de Linz. O bispo Richard Williamson pede desculpas ao Papa por ter causado "inconveniências e problemas.".

Janeiro 31
Numa entrevista ao Der Spiegel , o ministro israelita para os assuntos religiosos Yitzhak Cohen ameaça que Israel pode cortar relações diplomáticas com o Vaticano.

Fevereiro 1
Jean-Pierre Wils, um reconhecido Professor de teologia belga, anuncia que abandona a Igreja Católica.

Fevereiro 2
A sociedade SSPX exige mais poderes no Vaticano. O bispo Bernard Tissier de Mallerais diz ao jornal italiano La Stampa que ele e os seus seguidores não irão ficar satisfeitos apenas por serem reconhecidos pela Igreja: "não iremos mudar a nossa posição mas preferimos mudar Roma.".

Fevereiro 3
A chanceler alemã Angela Merkel exige que o Papa clarifique a sua posição e que diga à SSPX sem incertezas que a negação do holocausto não pode ser aceite. "Eu não acredito que tenha havido uma clarificação suficiente," disse Angela Merkel.

Fevereiro 4
O Vaticano exige que Williamson se distancie da negação do holocausto "de uma forma absolutamente inequívoca e pública" antes que possa ser completamente readmitido na Igreja Católica. O Vaticano admite também que não estava a par com as opiniões de Williamson quando decidiu revogar a excomunhão.

Fevereiro 5
A chanceler alemã Angela Merkel agradece a exigência do Papa para que Williamson renuncie à negação do holocausto. Outros políticos alemães mantêm-se críticos e dizem que tem que ser feito mais.

Retirado sem autorização no Der Spiegel, em 6 Fev 2009.

Relacionado: no público: Merkel e Bento XVI fazem declaração conjunta sobre bispo negacionista ; no diário de notícias: Excomunhão e Tolerância por João César das Neves

domingo, 1 de fevereiro de 2009

transparencia-pt.org

No blog virtualmente autêntico de Nuno Ferro encontrei um excelente link. Um site que facilita a procura sobre as compras efectuadas pela administração central, autarquias e empresas públicas.

http://transparencia-pt.org/ foi criado no âmbito da ANSOL, a Associação Nacional para o Software Livre.
Recomenda-se a consulta frequente e, já agora, a visita ao blog livro de reclamações que nos mostra coisas giras como os 380.666 EUR gastos pelo município de Ílhavo em 3 computadores e 1 impressora.

Há coisas fantásticas, não há?

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Enviesamento de confirmação

No passado dia 28-JAN o Diário Económico publicou na 2a página um artigo de opinião terrivelmente superficial. Um artigo titulado Gitmo blues diminuindo a importância e mérito de fechar Guantanamo.
Esse artigo foi retirado pelo diário económico mas sem que antes fosse referido em blog(s) de simpatias neo-republicanas.

À superficialidade desse artigo deixo a minha breve resposta:
Que a vida dos prisioneiros em Guantanamo ia ter que mudar para sempre (incluindo vigilância) já se tinha percebido. O que correspondeu desde logo a uma condenação sem julgamento.
Que havia e há (!) prisioneiros perigosos muito pouca gente nega.
Que a tortura não serve para obtenção de provas também se torna evidente pelas pequenas penas conseguidas.
Que as pequenas penas obtidas não vão reabilitar os prisioneiros parece óbvio; irão quando muito torna-los mais obcecados.
Que os inocentes presos poderão concluir que o ocidente é um demónio a eliminar parece-me natural.

E que agora (que Obama escolhe começar a fechar a vergonha) apareçam evidencias sobre as praticas terroristas dos prisioneiros libertados...
Mostra a falta de provas que baseavam os encarceramentos;
Mostra a irresponsabilidade na forma em como foram abordados os casos;
Mostra a incapacidade da tortura para obter informações que limitem a acção dos torturados;
..se for real...

Há uma forte possibilidade de estas noticias serem puras manipulações. Tiradas do mesmo saco que as noticias sobre as armas do saddam. Ou do mesmo saco dos que arbitravam a necessidade imperativa de Obama escolher um líder para a CIA na linha dos que lá estiveram.

É por isto que o destaque dado pelo diário económico merece verificação. Por isto e porque o autor se assina investigador universitário. Vestindo-se de uma credibilidade que não foi possível confirmar.
Do autor nada de sério aparece no Google. Só 3-4 artigos em jornais e transcrições para blogs que o acenam como referência. Quem é este fazedor de opiniões? Investiga o quê? Onde?
E porque é que vi um artigo no site do The Wall Streat Journal sobre exactamente o mesmo assunto, exactamente com o mesmo título?

Espero que o Diário Económico escolha mostrar que é mais credível e altere para melhor os critérios de escolha dos seus colunistas.

Na 2a guerra mundial os aliados ganharam em grande parte motivados pelo suporte moral das suas escolhas. E a vitória dessas escolhas ainda merece ser defendida.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

dúvidas e convicções sobre a crise económica

Não sou economista, nem versado em questões da economia. Mas.. tenho uma carteira e conta bancária e também tenho cartão de eleitor. Estava a pensar em como organizar as minhas dúvidas e convicções sobre a crise económica. E não é fácil seguir uma linha de racionalização clara.

Por um lado aponta-se o dedo às estratégias imediatistas para obtenção de lucros, acompanhada por falta de controlo aos gestores por parte dos accionistas e pela excessiva dimensão de algumas das empresas-actores do mercado. Conclui esta linha que a crise económica decorre da falta de regulação dos mercados.
Numa outra perspectiva, há quem diga que o mal está em não deixar o mercado funcionar, deixando ir à falência as empresas mal geridas.

Como muitos vejo sentido nas duas linhas apresentadas. Ambas têm validade. A primeira interpretação está mais ligada aos defensores do controlo e da regulação - à esquerda. A segunda ligada aos liberais económicos para quem o mercado não deve estar sujeito a regulações artificiais - em Portugal, na direita.

Acredito que o Mercado tem capacidade para se auto regular; mas dentro dos resultados possíveis desta auto regulação incluem-se injustiça social, fome e doença em proporções que não estou disposto a aceitar. Acho que o Mercado existe agora, sempre existiu - e os resultados são os que se vêm na história e no presente.

Economia Abrupta

A economia entrou num comportamento que não permite fazer previsões. Um estado de imprevisibilidade maior que na meteorologia. Recordo a célebre expressão sobre o bater de asas da borboleta.
Para agravar, acho que a economia actual tem uma componente emocional que me parece bizarra e influente: quer como causa de perturbação, quer pelos ecos emocionais que propaga. Quase bipolar.
Desde os anos 60-70 o valor da moeda é medido em dívida. É uma relação estranha onde: valor = moeda = dívida = credibilidade = emoção
Hoje em dia moeda é dívida. Não é ouro, nem prata, nem aço, nem terreno, nem sal. Moeda é dívida. E o valor de uma dívida depende da crença em que vai ser paga.

sábado, 24 de janeiro de 2009

Funcionários Públicos

A avaliação dos professores já anda a enjoar (há) muito.
Há algum sistema de avaliação mais eficaz do que comparar o desvio das notas dos alunos dadas pelo professor com as notas desses alunos em exames nacionais, corrigidos anonimamente pelo corpo dos professores. Há alguma medida mais correcta? Sem balelas.

Mas..
Qualquer avaliação serve. Tem que separar trigo de joio - leiam outra vez e notem bem a expressão. No final tem que se comparar resultados da avaliação com melhorias no desempenho dos alunos.

E por definição matemática: nem que a avaliação só esteja correcta 20% das vezes isso já é um factor de melhoria, porque hoje é 100% como sempre foi; e com os resultados que se vêm!

Mais! Quando é que alguém se vai dar ao trabalho de fazer sondagens a acompanhar isto? Ou é uma vaca que deve ser ordenhada devagar?