quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Está a vista o liberalismo em Portugal. Passos Coelho: um burocrata ou um liberal?

A decisão das listas tem o mérito de ser muito clarificadora. Já ninguém precisa de ver o programa do PSD - depois de 4 anos de opiniões desconexas já se sabe para que lado vai coalescer o PSD. Com esta clarificação (que é bem vinda) ou MFL, acertadamente, continua o esforço de Sócrates em cumprir o programa proposto - o que seria um excelente sinal para a democracia portuguesa; ou enche o programa de palavras ocas que encantem as diversas correntes orfanadas dentro do PSD.

Mais interessante para mim é estarem à vista os valores que conduzem PPC e a ala liberal. Ou Pedro Passos Coelho assegura a sua longa carreira politica no aparelho do PSD ou assume as politicas que defende para o País. Porque as visões publicitadas por PPC e MFL são incompatíveis.
MFL usa o mercado, acredita nas corporações. MFL representa um PSD que quer diminuir o estado e aumentar o peso das empresas na sociedade mas que nunca se interessou em fiscalizar nem em agilizar o mercado. A postura perante as falências fraudulentas, perante a utilização dos subsídios agrícolas da PAC, pela forma como a ANACOM foi esvaziada para fechar o controlo das redes móveis à ONI e a forma como encara o desempenho da ASAE exemplificam bem que concorrência desleal nunca foi uma preocupação.
Já PPC fala muito mais em mercado. A minha grande dúvida é em saber quanto desse discurso existe apenas para encantar as juventudes de direita (naturalmente mais liberais e menos conservadoras). Perante esta escolha, PPC vai ter que mostrar o que tem mais valor na perspectiva dele: se a carreira de burocrata do PSD, se as ideias de mercado aberto para o País.
Paralelamente coloca-se uma questão parecida a todos aqueles eleitores que se sentem de alguma forma representados por PPC: abdicar do mercado em favor do corporativismo, das leis feitas à medida dos grandes grupos económicos e de um estado menor ou partir à luta num ano difícil para defender o liberalismo de mercado.

Com este exercício MFL coloca o liberalismo entre a ravina e a caverna. A escolha de Passos Coelho é particularmente simples. Esta escolha de MFL, além de clarificadora, tem a vantagem estratégica de relaxar as hostes do PS/Sócrates e com isso desmobilizar o combate político.

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