segunda-feira, 29 de março de 2010

Uma nova página política

Com as últimas directas do PSD há uma nova era política no país. Parece um exagero, sei... A vitória conseguida oferece de bandeja uma escolha óbvia que resulta logo numa força que há muito não se via no PSD: capacidade de escolha - PPC traz ao PSD espaço de manobra, traz esperança de mudança, novas ideias, centradas no país e não no apodrecimento de Sócrates; coisa que MFL ou Rangel nunca conseguiriam sem um esforço impossível (para eles) de enjoativo engulimento de sapos, a incompetência tornou-se numa bagagem incomportável, infelizmente não conseguiram ver isso no espelho.

Esta nova capacidade de mudança é uma força que toca directamente naquela que é (agora) a maior fraqueza de Sócrates. Nesta fase o PSD pode controlar a agenda política, com ideias, com esperança e com sonho.

Sócrates tinha uma maior capacidade de regeneração que o PSD passado, é possível, em teoria, que tenha maior que PPC mas não agora. Sócrates já tentou, agora anda a remediar. Até ao fim a pergunta que irá pairar sobre Sócrates é: "Porque é que não fez isto antes?" A teimosia e a centralização controleira encarregar-se-ão do resto. É claro que há caminhos para Sócrates mas não vejo que consiga agora aquilo que prometeu no início, nem vejo Sócrates a fazer partilhas a meio da reforma.

sábado, 27 de março de 2010

Relatório Chinês sobre os direitos humanos nos EUA 2009

Em duas visitas perturbadoras descobri dois documentos que são um extraordinário sinal da degradação dos nossos tempos. Um é o relatório chinês sobre os direitos humanos nos EUA [em inglês] outro é um documento interno da CIA que foi libertado num site que é um dos faróis mundiais em libertação anónima de informação confidencial - wikileaks - aí pode encontrar-se a seguinte pérola: "a apatia pública permite os lideres ignorar os eleitores" ou como conseguir avançar com uma guerra.

Não haja engano, a estupidez moral que nos leva a este estado de coisas não é exclusiva dos americanos. Aqui mesmo, em Portugal, houve demasiado apoio a que a morte de inocentes fosse desprezada e a que tortura fosse desculpabilizada. Cúmplices é a palavra correcta. Não são menos culpados por isso.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Auto asfixia democrática

A aprovação deste regulamento interno de censura é uma aberração absurda, é mais do que isso, é estúpida. Com alguns minutos de ponderação, uma pequena análise SWOT, daquelas análises que se aprende em qualquer curso secundário de gestão - no máximo 20min, chegava para perceber o absurdo que foi aprovado.

À minha vista, esta proposta aprovada foi um desabilidoso ardil politiqueiro com o objectivo de acantonar e rotular Pedro Passos Coelho como a fonte dos problemas deste PSD e culpado suficiente pelos resultados das legislativas.
É verdade que PPC também não fica bem na fotografia mas, dos que foram ao congresso, vejo-o entre os menos responsáveis por esta situação. Tivesse PPC votado contra esta proposta, teria caído que nem um pato nesta dispendiosa esparrela. Hoje seria acusado que querer fazer campanha exclusivamente a criticar a actual direcção, seria acusado de ser responsável pelos lamentáveis resultados eleitorais da direcção de MFL e seria rotulado até às directas como um corpo estranho ao PSD.
Dumping politico. Usar quaisquer meios, a quaisquer preço, desde que ofereçam resultados eleitorais imediatos. Não se trata de politica de terra queimada que até essa se enquadra numa estratégia de longo prazo. Trata-se de deitar fora o bebé com a água apenas porque se quer limpar depressa a banheira. Faz-me lembrar o toxicodependente que vende barato o ouro dos pais para garantir a dose do dia.
É por estas escolhas, destas cabecinhas fundidas e cegas com fome de uma forte dependência, que Sócrates é Primeiro Ministro. Foram, e são, coisas como esta que sustentaram o PS.

Só uma pequena palavrinha para PSL. É sempre bonito ver alguém a aprender... depois de ter feito o favor a MFL quando foi a votos dividir os PPDs - que lhe garantiu o lugar na vinheta das eleições para a CML - volta agora a morder na mão dos que lhe deram o apoio ao seu ministério e faz-se cara deste congresso e deste novo regulamento absurdo.

No Verão passado, o actor David Carradine foi encontrado morto, nu, dentro do armário de um quarto de hotel na Tailândia. Dizem que morreu asfixiado a masturbar-se.
...a minha pergunta é: que anda a fazer este PSD?

domingo, 14 de março de 2010

PSDE

quinta-feira, 11 de março de 2010

Ligar o tapete aos empresários estabelecidos

No estábulo do costume, O Jumento deixou uma posta pertinente. Se não me engano, foi a primeira vez que vi alguém apontar o dedo a um assunto que me merece reflexão. Diz-nos o jumento: "as fortes assimetrias na distribuição do rendimento não só torna os nossos empresários preguiçosos como gera excedentes suficientes para alimentar uma classe de proxenetas que dominam a sociedade portuguesa através dos sindicatos das corporações do Estado, do jornalismo e de uma boa parte da classe política."

Não é qualquer comenteiro ou apparatchik do sistema que vai aparecer nos cantos do costume a apontar o dedo aos luxos e ócios dos empresários, especialmente dos estabelecidos. Mais vale esperar sentado.

Não se enganem, isto não é o discurso do papão comunista. Qualquer bom liberal económico percebe que em Portugal faltam estímulos para os empresários subirem na escala de valor, ie, produzir mais valor com as mesmas ou menos matérias-primas. Na face externa, faz-se apenas de três maneiras, rápida incorporação e actualização tecnológica (mais eficiência), melhor design para melhor servir as modas dos mercados externos (mais bonito) e melhor intervenção comercial (saber vender). Ao nível interno é varrer os empecilhos à concorrência (feudo dos falados proxenetas..) - mas em todo o mercado e não só com a privatização dos apetecíveis monopólios naturais.

Desde há várias décadas que, vá lá.., se tem tentado a via positiva. Se calhar é altura de ligar o tapete debaixo dos pés dos empresários estabelecidos. Uma outra vantagem seria reduzir o tempo que estes têm para adquirir produtos de luxo, fabricados noutros países, e para passarem férias noutros países.

Não há palavras

"O escândalo em torno de Henrique [o violador] levou Filipa, de 27 anos [a namorada], a ter deixado de trabalhar.
Se [a Filipa] se refugiou ou não na casa da mãe (como já foi dito), também em Massamá, não se sabe. Está incontactável. O DN esteve ontem à sua porta, tocou à campainha vezes sem conta e a única resposta foi o ladrar de um cão. Talvez o de Filipa, talvez o da mãe desta (ambas têm um cão de companhia). A única que lhes resta, aliás, já que estas duas mulheres estão separadas dos companheiros."

, assinada por Isaltina Padrão, publicada no Diário de Notícias.

domingo, 7 de março de 2010

Com a nossa justiça não há pena de morte

Cruzei-me com um post, no blog de um cientista, sobre a aplicação da pena de morte nos EUA: Defendants more likely to be sentenced to death if victims are of high status, Acusados têm mais probabilidade de serem condenados à morte se as vitimas forem de maior status social.

Os factos daquele estudo permitem concluir que num caso de pena capital os factos judicialmente relevantes não explicam, por si sós, a condenação obtida - factos sociais irrelevantes alteram a decisão de aplicar a pena de morte. A implicação mais directa é que há vitimas que têm mais importância que outras.

É quase idílico pensar que existem países, sistemas de aplicação de justiça, onde é necessário recorrer a casos extremos para provar o que se vê aqui como a infeliz naturalidade da (nossa) democracia.

A avaliação, a comparação com outros e até a individualização das consequências, baseada em objectivos e indicadores que possam ser medidos, é essencial para fazermos justiça. Essencial.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Qual devia ser o título deste post?

Há dias ligaram-me para casa, queriam que instalasse a ZON via satélite. Disseram-me que a minha antena ia deixar de funcionar. Porquê? Porque vai passar a ser em sinal digital. E assim podia receber os canais da ZON; que tinha os 4 canais e mais uma palete deles. Que ia ter que comprar um equipamento para funcionar com o digital. Se não queria aproveitar e pôr a ZON, que tem 3 meses grátis e a instalação até é gratuita; mas só aproveitando a promoção. Mas isso da digital é quando? Já está a funcionar, na sua área já está a funcionar e a sua antena vai acabar por deixar de funcionar. E a ZON usa esse sistema? É digital, por satélite, vai um técnico instalar a casa. Disse que é gratuita a instalação? Sim, gratuita, só tem que pagar 50€. Como? Então a instalação não é gratuita?! É gratuita sim, os 50€ são para a ANACOM e para a deslocação do técnico.

Tudo isto é verdade. Tudo. Estritamente verdade. Verdade. Não me foi dita nenhuma mentira.

Podiam ter-me dito mais algumas coisas: que a minha antena não vai deixar de funcionar nos próximos meses, que nem vai deixar de funcionar no próximo ano. Que o novo sinal digital, da televisão digital terrestre (TDT), vai ser emitido em sinal aberto, que não preciso de pagar quaisquer assinatura, apenas preciso um equipamento que leia o sinal digital. Que, a antena actual não servir, é apenas uma possibilidade. Ainda podiam usar uma definição de instalação menos proprietária - mais no sentido de um quaisquer dicionário.

Mas tudo o que me disseram é verdade. Todos os detalhes que me disseram são verdade. Ou quase.

terça-feira, 2 de março de 2010

Qual é o sumo da laranja?

Continuo sem entender o que nos oferece este PSD. Anda há vários anos a denunciar más praticas, asfixias, corrupções, manipulações e jogadas. Mas não é possível vislumbrar o que propõe ao País. Não se conhecem as medidas que poderiam evitar as situações de que se queixa diariamente. Ora isso não faz sentido. Nem sequer faz sentido eleitoral. Num dia queixam-se das suspeições que ensombram o governo, no outro dizem-nos que a ética não tem nada a haver com a política, no meio, nada propõem que traga transparência independentemente da ética.
Afinal em que ficamos, o mesmo com uma rodela de laranja?

Queixas nos CTT: chuta para canto

Correspondência trocada, contas que chegam atrasadas, vales com reformas que desaparecem são alguns erros na distribuição do correio que estão a deixar os carteiros mal vistos e motivaram milhares de queixas contra estes profissionais, até agora altamente estimados pelos portugueses.
No ano passado, os CTT registaram 4899 queixas contra os carteiros. (...) Para a empresa, o número de reclamações é "baixo" (...) "equivalem, estatisticamente, a zero por cento do tráfego total dos CTT."

Só na freguesia onde moro é possível contar casos que, bem contadinhos, poderão chegar a 5% desse total de queixas. Agora, o numero de queixas é baixo. Quando os portugueses perceberem como se reclama, a contar, e que só vão lá a reclamar formalmente, então o aumento será devido a uma maior consciencialização da possibilidade de reclamar, porque no terreno o numero de problemas é o mesmo.

Já diz o ditado "Enquanto o pau vai e vem, folgam as costas".