quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Enviesamento de confirmação

No passado dia 28-JAN o Diário Económico publicou na 2a página um artigo de opinião terrivelmente superficial. Um artigo titulado Gitmo blues diminuindo a importância e mérito de fechar Guantanamo.
Esse artigo foi retirado pelo diário económico mas sem que antes fosse referido em blog(s) de simpatias neo-republicanas.

À superficialidade desse artigo deixo a minha breve resposta:
Que a vida dos prisioneiros em Guantanamo ia ter que mudar para sempre (incluindo vigilância) já se tinha percebido. O que correspondeu desde logo a uma condenação sem julgamento.
Que havia e há (!) prisioneiros perigosos muito pouca gente nega.
Que a tortura não serve para obtenção de provas também se torna evidente pelas pequenas penas conseguidas.
Que as pequenas penas obtidas não vão reabilitar os prisioneiros parece óbvio; irão quando muito torna-los mais obcecados.
Que os inocentes presos poderão concluir que o ocidente é um demónio a eliminar parece-me natural.

E que agora (que Obama escolhe começar a fechar a vergonha) apareçam evidencias sobre as praticas terroristas dos prisioneiros libertados...
Mostra a falta de provas que baseavam os encarceramentos;
Mostra a irresponsabilidade na forma em como foram abordados os casos;
Mostra a incapacidade da tortura para obter informações que limitem a acção dos torturados;
..se for real...

Há uma forte possibilidade de estas noticias serem puras manipulações. Tiradas do mesmo saco que as noticias sobre as armas do saddam. Ou do mesmo saco dos que arbitravam a necessidade imperativa de Obama escolher um líder para a CIA na linha dos que lá estiveram.

É por isto que o destaque dado pelo diário económico merece verificação. Por isto e porque o autor se assina investigador universitário. Vestindo-se de uma credibilidade que não foi possível confirmar.
Do autor nada de sério aparece no Google. Só 3-4 artigos em jornais e transcrições para blogs que o acenam como referência. Quem é este fazedor de opiniões? Investiga o quê? Onde?
E porque é que vi um artigo no site do The Wall Streat Journal sobre exactamente o mesmo assunto, exactamente com o mesmo título?

Espero que o Diário Económico escolha mostrar que é mais credível e altere para melhor os critérios de escolha dos seus colunistas.

Na 2a guerra mundial os aliados ganharam em grande parte motivados pelo suporte moral das suas escolhas. E a vitória dessas escolhas ainda merece ser defendida.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

dúvidas e convicções sobre a crise económica

Não sou economista, nem versado em questões da economia. Mas.. tenho uma carteira e conta bancária e também tenho cartão de eleitor. Estava a pensar em como organizar as minhas dúvidas e convicções sobre a crise económica. E não é fácil seguir uma linha de racionalização clara.

Por um lado aponta-se o dedo às estratégias imediatistas para obtenção de lucros, acompanhada por falta de controlo aos gestores por parte dos accionistas e pela excessiva dimensão de algumas das empresas-actores do mercado. Conclui esta linha que a crise económica decorre da falta de regulação dos mercados.
Numa outra perspectiva, há quem diga que o mal está em não deixar o mercado funcionar, deixando ir à falência as empresas mal geridas.

Como muitos vejo sentido nas duas linhas apresentadas. Ambas têm validade. A primeira interpretação está mais ligada aos defensores do controlo e da regulação - à esquerda. A segunda ligada aos liberais económicos para quem o mercado não deve estar sujeito a regulações artificiais - em Portugal, na direita.

Acredito que o Mercado tem capacidade para se auto regular; mas dentro dos resultados possíveis desta auto regulação incluem-se injustiça social, fome e doença em proporções que não estou disposto a aceitar. Acho que o Mercado existe agora, sempre existiu - e os resultados são os que se vêm na história e no presente.

Economia Abrupta

A economia entrou num comportamento que não permite fazer previsões. Um estado de imprevisibilidade maior que na meteorologia. Recordo a célebre expressão sobre o bater de asas da borboleta.
Para agravar, acho que a economia actual tem uma componente emocional que me parece bizarra e influente: quer como causa de perturbação, quer pelos ecos emocionais que propaga. Quase bipolar.
Desde os anos 60-70 o valor da moeda é medido em dívida. É uma relação estranha onde: valor = moeda = dívida = credibilidade = emoção
Hoje em dia moeda é dívida. Não é ouro, nem prata, nem aço, nem terreno, nem sal. Moeda é dívida. E o valor de uma dívida depende da crença em que vai ser paga.

sábado, 24 de janeiro de 2009

Funcionários Públicos

A avaliação dos professores já anda a enjoar (há) muito.
Há algum sistema de avaliação mais eficaz do que comparar o desvio das notas dos alunos dadas pelo professor com as notas desses alunos em exames nacionais, corrigidos anonimamente pelo corpo dos professores. Há alguma medida mais correcta? Sem balelas.

Mas..
Qualquer avaliação serve. Tem que separar trigo de joio - leiam outra vez e notem bem a expressão. No final tem que se comparar resultados da avaliação com melhorias no desempenho dos alunos.

E por definição matemática: nem que a avaliação só esteja correcta 20% das vezes isso já é um factor de melhoria, porque hoje é 100% como sempre foi; e com os resultados que se vêm!

Mais! Quando é que alguém se vai dar ao trabalho de fazer sondagens a acompanhar isto? Ou é uma vaca que deve ser ordenhada devagar?