sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

O Maior Escândalo do momento na Europa

Num caso com mais evidências que o Freeport descobre-se no jornal alemão Der Spiegel os eventos que relatam o perdão do Papa Bento XVI a uma congregação que nega a ocorrência do holocausto.
Deixo aqui uma tradução da sequência de eventos que levaram ao que é o maior escândalo do momento na europa.

Novembro 2008
Numa entrevista a uma estação de televisão sueca, na Alemanha, o bispo Richard Williamson nega que tenham sido gaseados Judeus no 3ª Reich. "Acredito que não existiram câmaras de gás," disse. Disse também que apenas 200'000 a 300'000 Judeus terão morrido em campos de concentração, em vez dos 6 milhões normalmente aceites.

Janeiro 19, 2009
O Der Spiegel noticia a entrevista televisiva de Williamson.

Janeiro 21
A entrevista é mostrada na televisão em Jan. 21; 2 dias depois da notícia no Spiegel. Nesse mesmo dia o Papa Bento XVI assina um decreto levantando a excomunhão a 4 bispos associados à ultra-conservadora Sociedade Santo Pio X (SSPX). Williamson, que nega o holocausto, é um dos perdoados.

Janeiro 22
Na quinta-feira o diário italiano Il Giornale noticia o decreto.

Janeiro 23
Na sexta, a agência noticiosa do Vaticano KNA relata que a procuradoria pública da cidade alemã Regensburg irá processar o bispo Williamson por quebrar a lei alemã sobre a negação do holocausto. Nesse mesmo dia o (mesmo) relato é emitido na radio Vaticano e publicado na página de internet.

Janeiro 24
No sábado, o Papa anuncia oficialmente que pretende aceitar o regresso à Igreja Católica de 4 bispos da SSPX. O representante público do Vaticano Federico Lombardi celebra a decisão como "um passo importante para uma completa unificação" da Igreja Católica.

Janeiro 26
A discussão aquece. O vice-presidente do conselho central de Judeus na Alemanha, Dieter Graumann, qualifica a decisão do Papa Benedito XVI como "um incompreensível acto de provocação.". A conferência de bispos alemã distância-se de Williamson. O vice-presidente do comité central de Católicos, Heinz-Wilhelm Brockmann, defende as acções do Papa como "uma tentativa de unificar a Igreja.".

Janeiro 28
Na sua audiência de quarta-feira, no Vaticano, o Papa Bento XVI renuncia a negação do holocausto. Oferece garantias aos Judeus que têm a sua "total e indisputável solidariedade.".

Janeiro 29
Federico Lombardi, representante público do Vaticano, explica que quem quer que negue o holocausto está a "negar os valores Cristãos.". Acrescenta que "esse é ainda um erro mais grave quando cometido por padres ou bispos.".

Janeiro 29
O Cardeal Dario Castrillon Hoyos alega que não sabia de nada sobre a controversa entrevista televisiva quando o decreto foi libertado. Hoyos foi um dos que liderou as negociações com a SSPX para o levantamento da excomunhão. O conselho central de Judeus da Alemanha corta o diálogo com a Igreja Católica.

Janeiro 19
O Papa promove o padre ultra-conservador Gerhard Wagner a bispo auxiliar de Linz. O bispo Richard Williamson pede desculpas ao Papa por ter causado "inconveniências e problemas.".

Janeiro 31
Numa entrevista ao Der Spiegel , o ministro israelita para os assuntos religiosos Yitzhak Cohen ameaça que Israel pode cortar relações diplomáticas com o Vaticano.

Fevereiro 1
Jean-Pierre Wils, um reconhecido Professor de teologia belga, anuncia que abandona a Igreja Católica.

Fevereiro 2
A sociedade SSPX exige mais poderes no Vaticano. O bispo Bernard Tissier de Mallerais diz ao jornal italiano La Stampa que ele e os seus seguidores não irão ficar satisfeitos apenas por serem reconhecidos pela Igreja: "não iremos mudar a nossa posição mas preferimos mudar Roma.".

Fevereiro 3
A chanceler alemã Angela Merkel exige que o Papa clarifique a sua posição e que diga à SSPX sem incertezas que a negação do holocausto não pode ser aceite. "Eu não acredito que tenha havido uma clarificação suficiente," disse Angela Merkel.

Fevereiro 4
O Vaticano exige que Williamson se distancie da negação do holocausto "de uma forma absolutamente inequívoca e pública" antes que possa ser completamente readmitido na Igreja Católica. O Vaticano admite também que não estava a par com as opiniões de Williamson quando decidiu revogar a excomunhão.

Fevereiro 5
A chanceler alemã Angela Merkel agradece a exigência do Papa para que Williamson renuncie à negação do holocausto. Outros políticos alemães mantêm-se críticos e dizem que tem que ser feito mais.

Retirado sem autorização no Der Spiegel, em 6 Fev 2009.

Relacionado: no público: Merkel e Bento XVI fazem declaração conjunta sobre bispo negacionista ; no diário de notícias: Excomunhão e Tolerância por João César das Neves

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