domingo, 21 de junho de 2009

Ética, abstenção e o diálogo de surdos

Há um fenómeno que é para mim razoavelmente novo, um extremo dialogo de surdos a um nível muito próximo dos eleitores.

É um patamar de conflitualidade onde eleitores e comentadores ignoram as motivações dos adversários políticos, classificam as suas e as outras opiniões com base em preconceitos e pressupostos e passam a gerar toda a argumentação política em volta deste desconhecimento.

Esta é uma situação particularmente má. Impede a geração de consensos e de resultados negociais ganha-ganha. Com prejuízos óbvios para o País e para os portugueses.

Abre a porta a que os políticos e agentes políticos disfarçados de comentadores possam dizer as maiores alarvidades sem que isso seja reprimido pelo seu eleitorado típico e conseguindo até garantir alguma vantagem eleitoral.

Como é que João Jardim ou Berlusconi ou Bush ou Sarkozy ou Chaves ou Tony Blair, conseguem tirar proveito de incontáveis e chocantes afirmações de meias-verdades, falsidades e alarvidades descaradas.

Por um lado, esta vantagem vive da facilidade com que este tipo de discurso abjecto se adiciona aos meios de comunicação tradicionais. O "sound-byte" e a dissonância são técnicas de comunicação que geram muita resposta que garantem presença mediática.

Mas esta indiferença dos eleitores perante as técnicas e deséticas dos políticos permite ainda juntar uma outra manipulação onde se ofende e desmotiva os eleitores típicos dos adversários políticos pela vantagem de conseguir meio voto com cada abstenção de um voto possível no adversário.

O eleitorado flutuante ou indeciso, muitas vezes referido como fiel da balança, é constituído por muito poucas pessoas dispostas a votar em diferentes partidos. A maior parte da indecisão cabe em saber qual fracção desses indecisos irá sair de casa e votar.

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