segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Uma leitura nacional daquilo que é local

Nessa leitura nacional daquilo que é local, vejo Sócrates como o maior vencedor da noite; maior que António Costa. Dificilmente estas eleições podiam ser de maior feição a Sócrates. São um grande contributo para que Sócrates seja visto nos próximos meses como uma fonte de estabilidade do País, o que o beneficia; é um bónus ao seu estado de graça.

O PSD defende que ter o maior numero de câmaras é uma vitória - e é, uma vitória!; mas a ligação que MFL fez entre estes resultados e a liderança nas associações nacionais de câmaras municipais e de juntas de freguesia pode ser feita num erro político. Especulo que essas lideranças associativas estarão condicionadas à vontade conjunta do PS e CDU - numa posição de maiorias relativas.

Rui Rio ganhou seguro, fica preso à câmara do Porto, a menos que abdique de uma das suas forças, dando o dito por não dito. Luís Filipe Menezes confirmou uma das suas fraquezas, exagerou a grande vitória que obteve. Mas era positivo que o PSD premiasse os seus; aqueles que têm bons resultados para as populações.

A "vitória" do PSD vai ser aproveitada por Sócrates, devagarinho. A perda de poder do PSD é relevante.

À esquerda, derrotas. Louçã fez o spin dos resultados das legislativas em rotações estonteantes, exagerou. Este fim-de-semana, os eleitores do bloco (e alguns da CDU) mostraram a leitura que fizeram dos resultados das legislativas. Mas aquilo que as lideranças da esquerda dura acham ser uma força é a sua maior fraqueza, nestas eleições a viragem não foi tão forte mas o País continua a virar à direita. A dureza de rins vai continuar.

Portas cheira a sombra da irrelevância.

A maior, e gigante, surpresa da noite é a derrota do PSD em Barcelos. Não é uma capital de distrito. Tem o dobro dos eleitores de Faro. Era uma câmara PSD à mais de 30 anos. Muitos barcelenses diziam "em Barcelos até um burro ganha a câmara, desde que tenha o chapéu PSD". A relevância nacional do PSD Barcelos tinha colocado o filho de Fernando Reis como o deputado n.º 4 nas listas legislativas por Braga. A nível regional este resultado tem um significado equivalente a uma hipotética derrota de Jardim na Madeira. A maior e gigante surpresa da noite.

Oeiras, uma derrota para todos. Continua-se a eleger o ladrão que também rouba para nós. Mais um ponto para os orçamentos locais serem feitos de impostos com taxas definidas localmente. Em Gondomar, igual.

No fim deste ciclo eleitoral, um dos grandes vencedores é Manuel Alegre. Já relativamente aos seus apoiantes, conto-os entre os maiores perdedores. A atitude de Manuel Alegre, a que não deram importância, vai continuar a ser-lhes cara.

O tsunami vem daqui a 4 anos. Mais de metade das câmaras municipais vão ter que mudar de cara. A limitação de mandatos é uma bonita mudança de paradigma. A partir de agora um presidente de câmara de 4 anos é um perdedor, um de 8 é um ganhador. Espero que os novos eleitos percebam isto desde já.

Posts relacionados: