terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Wikileaks: casos que justificam a publicação

Abafados pelos discursos de "faz de conta que os telegramas não têm informação importante" estão os casos que merecem um olhar atento e uma investigação aprofundada. Publicados 1300 telegramas de entre 250 mil, estes são os casos que justificam extensivamente a relevação dos telegramas que lhes estão associados.

Corrupção de democracias aliadas para esconder a verdade sobre as armas de destruição maciça no Iraque e sobre os casos de tortura americanos
É por demais revelador descobrir que os EUA promoveram a interferência do poder executivo sobre o poder judicial em democracias aliadas, como mostram o esforço e as tentativas repetidas dos EUA para varrer dos tribunais espanhóis e alemães casos contra soldados, políticos e agentes da CIA americanos conseguindo fechar a porta a acusações formais de de crimes de guerra e de tortura em Guantanamo.
Na Inglaterra o governo só prometeu proteger os interesses americanos no Inquérito Chilcot sobre a guerra do Iraque.

Protecção e cumplicidade com empresas corruptas e criminosas mantendo-lhes contratos e escondendo os seus crimes
Note-se a inacção perante afirmações de um vice-presidente da SHELL que dizia que tinha o governo Nigeriano nas mãos tendo infiltrado todos os ministérios nigerianos. Também na Nigéria vê-se a cumplicidade com a Pfizer que andou a espiolhar o procurador geral para o chantagear a fim de evitar acusações num caso de teste de drogas experimentais que matou todos os pacientes.
Ligado aos contratos milionários das empresas da guerra, revelaram-se informações sobre a exportação ilegal de armas alemãs por uma subsidiária da conhecida Blackwater (renomeada Xe); e a participação de uma empresa que, depois de envolvida e expulsa pelo povo por tráfico de seres humanos e pedofilia no Kosovo, organizou uma festa no Afeganistão onde rapazes de 15 anos foram leiloados entre os lideres tribais para servirem de concubinas.

O rasto de dinheiro no trafico internacional de influencias políticas
Outra não-novidade mostra a extensão e à vontade com que são traficadas influencias e dinheiro de impostos. Na Inglaterra políticos do partido conservador prometeram aos EUA, antes das eleições, que se fossem eleitos iriam liderar um regime pró-EUA e que iriam comprar mais armas aos Estados Unidos. Na Espanha, Zapatero impediu a compra de motores de helicópteros da Rolls-Royce depois de um lobbying vigoroso por parte dos EUA. Na Rússia o lobbying dirigiu-se a proteger os interesses da Visa e da MasterCard para obter uma legislação mais favorável.

Combate à implementação de medidas para minorar as alterações climáticas
Numa aliança, estrategicamente não contaminada por outros assuntos, os EUA e a China, os dois maiores poluidores do mundo, aliam-se para minorar o alcance da cimeira de Copenhaga que procurava precaver os efeitos das alterações climáticas. Numa medida que os eleitores democratas "certamente apoiariam" os EUA fizeram por manipular os estados com posições diferentes das suas e ainda apoiou a intenção de um estado fantoche, do mundo do petróleo, para alojar no seu território uma agência mundial de promoção de energias renováveis. Uma grande prova de respeito pela democracia e pelos eleitores a quem prometeram combater as alterações climáticas.

Manipulação da política europeia
Noutra não-novidade, que é especialmente importante para os europeus, mostra-se a influencia, a subserviência e a fragilidade dos políticos e instituições europeias à manipulação norte americana. Quer pela intenção de forçar novos países a entrar na União Europeia, como a Croácia e a Turquia. Quer ainda colocando os lideres europeus uns contra os outros. Felizmente uma pequena e ténue chama ainda debita alguma esperança, como da recusa do parlamento europeu em deixar os EUA monitorizar as transacções bancárias sob o pretexto do combate ao terrorismo, para surpresa americana dado o colaboracionismo, que especulo irá aparecer, sobre as legislações sobre copyright, no mesmo Parlamento.

Fugir aos compromissos publicitados no que toca ao controlo de armas
Outra não-novidade é a duplicidade e hipocrisia entre a assinatura de tratados internacionais de não proliferação de armas enquanto planear como continuar a fabricar e esconder bombas que usadas no Vietname, ainda hoje fazem vitimas.

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