segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Isto cabe na definição de Fascismo

O caso dos telegramas americanos libertados pela Wikileaks está a revelar bem mais do que o conteúdo dos telegramas. Falo das escolhas e acções tomadas por uma série de grandes empresas. A participação voluntária de corporações (privadas) no exercício de censura e repressão em favor de um governo, num comportamento que cabe de forma declarada e óbvia na definição de fascismo. Falo da expulsão dos serviços de internet do site wikileaks.org por parte de empresas americanas ou que têm americanos como clientes.

A expulsão da Wikileaks da EveryDNS - tanto mais estranha porque a justificação técnica apontada não é razoável de ter acontecido.

O caso da Amazon, que invocou problemas de direitos de autor do conteúdo dos telegramas - recordo, esta é uma empresa que 15 dias atrás defendia a manutenção nas suas listas de vendas de um livro que era especificamente um manual de pedofilia - perceberam o que aconteceu aqui? A Amazon a defender um livro que promove e facilita a pedofilia como um caso de liberdade de expressão mas a classificar e expulsar a Wikileaks dos seus servidores por ser um caso de direitos de autor.

O caso da PayPal, empresa de serviços financeiros,subsidiária da empresa de leilões Ebay, que escolheu fechar a conta do cliente Wikileaks ao contrário de toda a história de protecção do secretismo individual da industria financeira.

Agora sabe-se também que a Twitter escolheu esconder das listas de tendências (que mostram as palavras mais twitadas) palavras como #wikileaks, #cablegate, #assange, etc.. Um caso de censura subliminar, escondida e completamente ao contrário da postura que foi adoptada pela Twitter quando da falhada revolução verde no Irão. A Twitter escolheu não apagar a conta da Wikileaks mas apenas impedir os seus utilizadores de conhecer e comparar a real proporção da reacção ao fecho do site Wikileaks por pirataria informática do governo norte-americano.

Estas são as empresas que dão nas vistas. A pergunta que fica é: que outras empresas e métodos poderão ser usados? Existirá alguma empresa de fornecimento de internet a limitar, atrasar ou impedir o acesso dos seus clientes a sites de informação relacionada com o caso? Qual é a postura de empresas como o Facebook ou Google? A que métodos sub-reptícios, a la twitter, poderemos estar sujeitos para condicionar a nossa opinião sobre este assunto? É legitimo que isso aconteça? De que forma é que isso poderia ser impedido?

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