Mesmo agora que já passaram 15 dias ainda estou estupefacto com as declarações do juiz António Martins.
É verdade que sou um ignorante no que toca ao nosso sistema de aplicação de justiça. Não me recordo de alguma vez ter entrado num tribunal e, por obra do acaso, não privo com quem por lá anda. Se por um lado acho que isso me impede de contextualizar as suas especificidades, por outro, também me dá um distanciamento e imparcialidade de apenas conhecer resultados.
As perguntas que me ficam são egocêntricas mas pragmáticas: se, por algum motivo, for arrastado para solver um caso em tribunal que confiança tenho na imparcialidade do tribunal, quais são os riscos e os custos em que posso incorrer mesmo sendo inocente? Se constituir uma empresa, que custo devo associar a este risco?
Fica-me o receio, por mim mas também por outros, de cair nesta bolonhesa de fim desconhecido. O desconhecido faz medo, assusta - que impacto é que isto tem na inovação? Na igualdade de oportunidades e na mobilidade social? Quanto valor é perdido com este desconhecido?
É por perguntas destas que vejo o nosso sistema de (in)justiça como parte do Problema. Como um perpetuador de desigualdades. Um dos mais sérios entraves ao desenvolvimento (económico) da nossa sociedade.
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