sábado, 30 de outubro de 2010

Distribuição de salários na função pública e sector privado

Este gráfico mostra a distribuição de salários nos sectores privado e público (em Portugal). As linhas verticais representam os salários médios.

Em 2005, quando o salário médio no sector privado não chegava aos 850eur, o salário médio de um emprego público era de 1500eur.


Entendo que quando nos comparamos com os outros gostamos de acreditar que somos como os melhores com algumas diferenças que pode fazer-se parecerem irrelevantes. É dessa forma que justificamos a injustiça dos nossos salários. Um enviesamento aproveitado no marketing onde os produtos feitos para uma classe de rendimentos são publicitados como destinados à classe imediatamente superior.

Não há muitas voltas a dar ou se acredita que os funcionários públicos são tão competentes e hábeis quanto os outros e não se entende as diferenças salariais; ou se toma os funcionários públicos como sendo um grupo de pessoas com mais competências e capacidades e aí não se entende porque não estão dedicados a sectores mais pragmáticos no que toca a fazer entrar dinheiro no país.

LINK: Imagem retirada de um relatório do Banco de Portugal [PDF].

1 comentário:

Anónimo disse...

Sei que este post é muito antigo, mas encontrei por acaso quando vinha à procura da distribuição salarial em Portugal. Achei as conclusões aqui engraçadíssimas: o problema que se fala é que há diferença nas médias do público e privado, mas:

1) a média é uma medida totalmente absurda dadas as distribuições que se revelam, há de alertar o leitor para isto. A mediana (que é o que se deve utilizar sempre que não há uma distribuição normal) seria muito inferior no público e, especialmente, no privado, - e a diferença entre os dois seria maior provavelmente.

2) De facto, é uma injustiça a diferença entre público e privado, mas a injustiça que salta mais à vista neste gráfico é que a distribuição de salários em ambos os casos não deverá estar a reflectir uma distribuição de competência. Por exemplo, a inteligência (e não há razão para achar que outras competências serão diferentes) distribui-se na população de forma normal, e no QI, a inteligência é medida com média 100, desvio padrão 15 (e.g., https://en.wikipedia.org/wiki/Intelligence_quotient). Uma pessoa que recebe 850€, o valor médio, deveria ter um QI de 100 e a pessoa que recebe 4 vezes, ou seja, 2400€, deveria ter um QI de 160 (4 desvios padrão acima). Esse valor, 160, significa que uma pessoa que recebe 2400€ poderia entrar em quase todas as sociedades para génios: a Mensa Internacional, a Intertel, a Triple Nine Society, e até a Prometheus Society, que mete o critério nos 160 para poder só deixar entrar ~0.003% da população (https://en.wikipedia.org/wiki/High_IQ_society). Não, a relação entre salário e competência não é de um para um e não se melhora o cenário por aí além se se abolir a diferença entre público e privado (antes pelo contrário, garante-se o aumento de pessoas que têm competências médias mas recebem abaixo da média de salários, que como se vê na distribuição do gráfico do privado é a vasta maioria das pessoas, quando para ser salário médio, deveria ser só pouco longe de 50%).

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