sábado, 31 de outubro de 2009

Vara de Armandos

Armando Vara e os fios de lodo que o ligam ao resto do sistema político é uma daquelas coisas que já estava escrita há muito tempo.

Nem consigo especular uma quantidade para o parasitismo que cobre os portugueses. Quantos empregos não existem por causa desta teia peçonhenta que nos trava? Quantas pessoas morrem nos hospitais porque não pomos lá o dinheiro que lhes é devido? Quantas crianças não são o que sonham porque as escolas não têm as condições que merecem? Quantos morreram porque as estradas não têm a sinalização necessária? Quantos funcionários baixam os braços perante as responsabilidades que lhe são empanturradas? Quantos médicos não conseguimos formar porque não lhes é dedicado dinheiro? Quantos euros paga cada português para sustentar isto?
O que é que mudava nas nossas vidas não fora este cancro que nos suga as forças?

Ontem os jornais entretiveram-se com a entrevista de Paulo Rangel. O que é que isso interessa? Hoje o apelado pró-socialista Diário de Notícias acrescenta um título "Uma mão-cheia de socialistas na lista dos arguidos".
José Penedos ainda é administrador de uma empresa de capitais públicos. Apesar dos negócios com o filho, apesar das suspeitas, apesar de ser arguido e apesar do embelezado código ético da REN.

Os portugueses precisam que alguém lhes diga que podem indignar-se?

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Hoje o Armando Vara

A sustentação política de algumas personagens, apesar do rótulo, é sempre justificada.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Ai e tal, o céu vai cair-nos em cima da cabeça porque o comércio vai poder taxar pagamentos com cartão

É curioso ler os comentários à liberalização da cobrança de uma taxa de utilização nos pagamentos de compras com cartão, fico com a sensação que os portugueses querem mesmo ser governados como se vivessem num terrário de formigas.

Num dos primeiros posts que fixei neste blog, em Junho de 2008, escrevi Ai e tal, as gasolineiras querem cobrar uma taxa pelos pagamentos com cartão, onde defendi a existência dessas sobre-taxas.

A inexistência dessas taxas cria uma dinâmica onde é estimulada a utilização de cartões de pagamento, em grande benefício dos bancos, através de umas migalhas para os utilizadores e maioritariamente às custas dos clientes que não pagam com cartão - no que configura um imposto escondido em benefício dos bancos - como se ainda existissem poucos!

Espero bem que esta medida vá em frente e que os portugueses aprendam a exigir os benefícios nas alturas justas - nas portagens e nas gasolineiras quando usam sistemas automáticos e de self-service e nos bancos porque não usam um trabalhador especializado quando evitam o balcão.

sábado, 24 de outubro de 2009

Saramago, Ratisbona

Esta polémica à volta de Saramago apenas me incomoda pela falta de juízo. Não tanto pelas contestações. Sobretudo pelas fontes das contestações. Há assim tantas diferenças entre o afirmado por Saramago e o que foi dito pelo papa em Ratisbona?

sábado, 17 de outubro de 2009

Os 7 maiores horrores da 3a República (2)

Lodosos, obscuros, de irresponsabilidade colectiva, difusa, escondida, são os casos doentios que sugam a esperança de vermos uma melhoria sensível, que valha a espera.

Interessa, claro, discutir a relevância de cada um deles - os que escolho, aliás, são-no pela capa viscosa que encobre as suas causas e motivações - algumas delas possivelmente legítimas - mas a grande questão que me põem é se estamos numa sociedade em velocidade cruzeiro de evolução ou se pelo contrário mostram doença e instabilidade que nos coloca numa trajectória para o abismo. À consideração:

  • a reacção e a condenação do polícia que deu um tiro na cabeça a um suspeito enquanto o interrogava na esquadra de Matosinhos
  • a ausência de responsáveis pelo desastre da queda da ponte Hintze Ribeiro, em Entre-os-rios
  • a eleição de autarcas acusados e condenados por práticas ilícitas num esquema colectivo de «rouba todos os portugueses mas faz obra para nós»
  • a criação e entrega a uma empresa privada de um monopólio para as travessias rodoviárias sobre o Tejo; com a sequente contratação do ministro responsável para administrador da empresa quando saiu do governo
  • a nomeação para relator de uma comissão parlamentar sobre branqueamento de capitais de um deputado acusado de corrupção baseado em fortes indícios criminais
  • despesas desregradas e fraudulentas no Supremo Tribunal de Justiça
  • a pena aplicada à tentativa de suborno a Sá Fernandes: tentado corromper com 200'000 EUR, a pena do corruptor foi de 5'000 EUR

Às portas ficam ainda:

  • A mais que provável ausência de responsáveis no caso dos seis pacientes que ficaram cegos, no Hospital Santa Maria
  • Trás-os-montes a região mais pobre da Europa quando comparada com todas as regiões da Europa dividida em dimensões semelhantes
  • os aumentos e regalias vitalícias dos deputados e políticos em causa própria
  • um presidente da república que conspira para denegrir o primeiro-ministro às custas da credibilidade de serviços do estado e às custas de direitos constitucionais

Que outros casos faltam aqui?

Há forma de dar volta a isto?

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Uma leitura nacional daquilo que é local

Nessa leitura nacional daquilo que é local, vejo Sócrates como o maior vencedor da noite; maior que António Costa. Dificilmente estas eleições podiam ser de maior feição a Sócrates. São um grande contributo para que Sócrates seja visto nos próximos meses como uma fonte de estabilidade do País, o que o beneficia; é um bónus ao seu estado de graça.

O PSD defende que ter o maior numero de câmaras é uma vitória - e é, uma vitória!; mas a ligação que MFL fez entre estes resultados e a liderança nas associações nacionais de câmaras municipais e de juntas de freguesia pode ser feita num erro político. Especulo que essas lideranças associativas estarão condicionadas à vontade conjunta do PS e CDU - numa posição de maiorias relativas.

Rui Rio ganhou seguro, fica preso à câmara do Porto, a menos que abdique de uma das suas forças, dando o dito por não dito. Luís Filipe Menezes confirmou uma das suas fraquezas, exagerou a grande vitória que obteve. Mas era positivo que o PSD premiasse os seus; aqueles que têm bons resultados para as populações.

A "vitória" do PSD vai ser aproveitada por Sócrates, devagarinho. A perda de poder do PSD é relevante.

À esquerda, derrotas. Louçã fez o spin dos resultados das legislativas em rotações estonteantes, exagerou. Este fim-de-semana, os eleitores do bloco (e alguns da CDU) mostraram a leitura que fizeram dos resultados das legislativas. Mas aquilo que as lideranças da esquerda dura acham ser uma força é a sua maior fraqueza, nestas eleições a viragem não foi tão forte mas o País continua a virar à direita. A dureza de rins vai continuar.

Portas cheira a sombra da irrelevância.

A maior, e gigante, surpresa da noite é a derrota do PSD em Barcelos. Não é uma capital de distrito. Tem o dobro dos eleitores de Faro. Era uma câmara PSD à mais de 30 anos. Muitos barcelenses diziam "em Barcelos até um burro ganha a câmara, desde que tenha o chapéu PSD". A relevância nacional do PSD Barcelos tinha colocado o filho de Fernando Reis como o deputado n.º 4 nas listas legislativas por Braga. A nível regional este resultado tem um significado equivalente a uma hipotética derrota de Jardim na Madeira. A maior e gigante surpresa da noite.

Oeiras, uma derrota para todos. Continua-se a eleger o ladrão que também rouba para nós. Mais um ponto para os orçamentos locais serem feitos de impostos com taxas definidas localmente. Em Gondomar, igual.

No fim deste ciclo eleitoral, um dos grandes vencedores é Manuel Alegre. Já relativamente aos seus apoiantes, conto-os entre os maiores perdedores. A atitude de Manuel Alegre, a que não deram importância, vai continuar a ser-lhes cara.

O tsunami vem daqui a 4 anos. Mais de metade das câmaras municipais vão ter que mudar de cara. A limitação de mandatos é uma bonita mudança de paradigma. A partir de agora um presidente de câmara de 4 anos é um perdedor, um de 8 é um ganhador. Espero que os novos eleitos percebam isto desde já.

domingo, 11 de outubro de 2009

Os 7 maiores horrores da 3a República

Desde há uns tempos que me anda pela cabeça quais serão os maiores horrores deste nosso sistema político - a 3a República.

Penso naqueles casos tão lodosos, tão obscuros, com tantas irresponsabilidades que enjoam, enojam. Que deixam qualquer cidadão (independente) horrorizado. Sobre política e serviço público mas também sobre sociedade e comunidade.

Casos sistémicos. Que denunciam um apodrecimento canceroso, prolongado, sem fim à vista, onde, por não serem (terem sido) imediatamente extirpados, ameaçam toda a restante sociedade. Apontam uma irreversibilidade, uma continuação ou até um agravamento das situações, quer pelo espalhamento competitivo, quer pela nova clandestinidade promovida.

Infelizmente os casos são vários. É difícil escolher 7.

Vou deixar a ideia. Os exemplos ficam para mais tarde.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Govern-abilidade

- Então diga lá, quanto pede?
- Humm, pois, claro.. quanto oferece?
- Se pedir, eu ofereço..
- Ofereça lá então, se faz favor.