Esta semana, más notícias na Ciência.
No meu quintal, contaram-me da Sra Professora (de jardim escola) está a tirar o doutoramento em São Tiago de Compostela; que escolheu STC porque assim podia acabar em dois anos; que assim o marido (advogado) a pode ajudar a fazer os trabalhos. Coisas fantásticas...
Noutro campo, mais global, conta-se a fuga partilha dos emails do reconhecido (e respeitado) Climatic Research Unit, da University of East Anglia (CRU). Onde se mostram as más práticas na guarda daquilo que se gaba ser o maior conjunto de dados globais de temperatura.
O CRU é um centro de investigação venerado nos estudos do aquecimento global; reclama possuir o maior registo de temperaturas no globo; o seu trabalho em modelação climática foi incorporado no relatório intergovernamental sobre alterações climáticas da ONU, em 2007.
Obviamente não é de esperar que um registo de temperaturas à escala global, de há 150 anos, fosse uma fonte homogénea de dados, recolhidos de forma impoluta (os dados históricos nunca são). Também é verdade que não são a única fonte de informação sobre as temperaturas globais. Mas são um dos poucos registos com dados directos de temperaturas de há 150 anos. Nem todos os valores serão questionáveis mas alguns são-no e nunca devia ter acontecido serem usados em modelos que fundamentam a posição da ONU sobre o aquecimento global.
No Reino Unido as informações cientificas obtidas com dinheiro público são de acesso público através de um Freedom of Information Act. À conta disso, os sintomas estavam à vista. Há algum tempo que os cientistas do CRU se recusavam a ceder os dados aos negacionistas do aquecimento global. Ora a ciência e o método científico baseiam-se na revisão e na falseabilidade de hipóteses (criteriosamente) propostas. É verdade que apenas se consegue discutir com quem está disposto a ouvir. Ao negar o acesso à informação está a impedir-se esse passo fundamental do fazer ciência.
As implicações na discussão das alterações climáticas são grandes que chegue. Principalmente porque aquelas informações impulsionam uma decisão para gerir o risco (naturalmente uma inferência probabilística) das elevadas emissões de poluentes.
Estes dois casos levantam questões, que teimam em não ser esclarecidas, sobre o excesso de competitividade na investigação cientifica. A falta de reconhecimento dos trabalhos de verificação e validação e a inexistência de mecanismos que promovam a abertura da informação são fontes de sérias dificuldades para a ciência.
Como no capitalismo desenfreado, ninguém gosta de ser verificado e poucos gostam do papel de verificador. Não havendo recompensa a estas actividades (fundamentais) de auto-controlo, o resultado são bolhas especulativas que rebentam com grande espectacularidade - se tiverem tamanho que chegue, acabam por salpicar todos.
LINK:Congress May Probe Leaked Global Warming E-Mails
LINK:Hackers leak e-mails, stoke climate debate
LINK:Inquiry into stolen climate e-mails