sábado, 28 de novembro de 2009

Clima frio na Ciência

Esta semana, más notícias na Ciência.

No meu quintal, contaram-me da Sra Professora (de jardim escola) está a tirar o doutoramento em São Tiago de Compostela; que escolheu STC porque assim podia acabar em dois anos; que assim o marido (advogado) a pode ajudar a fazer os trabalhos. Coisas fantásticas...

Noutro campo, mais global, conta-se a fuga partilha dos emails do reconhecido (e respeitado) Climatic Research Unit, da University of East Anglia (CRU). Onde se mostram as más práticas na guarda daquilo que se gaba ser o maior conjunto de dados globais de temperatura.

O CRU é um centro de investigação venerado nos estudos do aquecimento global; reclama possuir o maior registo de temperaturas no globo; o seu trabalho em modelação climática foi incorporado no relatório intergovernamental sobre alterações climáticas da ONU, em 2007.

Obviamente não é de esperar que um registo de temperaturas à escala global, de há 150 anos, fosse uma fonte homogénea de dados, recolhidos de forma impoluta (os dados históricos nunca são). Também é verdade que não são a única fonte de informação sobre as temperaturas globais. Mas são um dos poucos registos com dados directos de temperaturas de há 150 anos. Nem todos os valores serão questionáveis mas alguns são-no e nunca devia ter acontecido serem usados em modelos que fundamentam a posição da ONU sobre o aquecimento global.

No Reino Unido as informações cientificas obtidas com dinheiro público são de acesso público através de um Freedom of Information Act. À conta disso, os sintomas estavam à vista. Há algum tempo que os cientistas do CRU se recusavam a ceder os dados aos negacionistas do aquecimento global. Ora a ciência e o método científico baseiam-se na revisão e na falseabilidade de hipóteses (criteriosamente) propostas. É verdade que apenas se consegue discutir com quem está disposto a ouvir. Ao negar o acesso à informação está a impedir-se esse passo fundamental do fazer ciência.

As implicações na discussão das alterações climáticas são grandes que chegue. Principalmente porque aquelas informações impulsionam uma decisão para gerir o risco (naturalmente uma inferência probabilística) das elevadas emissões de poluentes.

Estes dois casos levantam questões, que teimam em não ser esclarecidas, sobre o excesso de competitividade na investigação cientifica. A falta de reconhecimento dos trabalhos de verificação e validação e a inexistência de mecanismos que promovam a abertura da informação são fontes de sérias dificuldades para a ciência.

Como no capitalismo desenfreado, ninguém gosta de ser verificado e poucos gostam do papel de verificador. Não havendo recompensa a estas actividades (fundamentais) de auto-controlo, o resultado são bolhas especulativas que rebentam com grande espectacularidade - se tiverem tamanho que chegue, acabam por salpicar todos.

LINK:Congress May Probe Leaked Global Warming E-Mails
LINK:Hackers leak e-mails, stoke climate debate
LINK:Inquiry into stolen climate e-mails

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Desculpabilizar o execrável

A beleza de um argumento baseado em factos é que estes são verificáveis e por isso falsificáveis. A ausência de prova contrária faz a verdade dos factos soar como um farol em dia de nevoeiro.

A direita, mais uma vez, a dar abrigo ao execrável...

A ler: Daniel Oliveira no Arrastão: Políticos não. Criminosos!

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

A morte da Regionalização

Não andava à procura de motivos para ser contra a regionalização. Nos últimos dias cruzei-me, no JN, com uma notícia sobre a regionalização. O título é arrepiante: Autarcas à espera de fazer carreira na regionalização. Versa sobre um estudo, uma opinião, de um académico que dedicou tempo à Regionalização. O argumento é de uma clareza cortante. E a ser assim voto contra, por muito bonita que pareça.

É verdade, sempre foi o tendão de Aquiles - mais tachos, mais caciquismo. Mas sempre vi com agrado a aproximação aos eleitores, num principio de dividir para reinar. Há uma independência que tem ser conquistada ao poder central. Até porque cada vez mais acho que o poder central deve dedicar-se à defesa da democracia para além das eleições e das maiorias.

Agora, a perspectiva de ver as regiões tomadas pelas mesmas personagens de sempre, carregadas dos hábitos de sempre, a constituir, à nascença, uma cultura baseada nos piores exemplos de renovação e alternância democrática.. assusta-me.

A página da wikipédia portuguesa sobre a regionalização mostra o que me parece um bom resumo do que tem sido o debate sobre a regionalização em Portugal. Pode até ver-se as condições (empecilhos) constitucionais introduzidas na revisão de 1997. Destaco o papel de MRS no estado actual da regionalização.

Tão ou mais importante que as fronteiras regionais é o caminho que se vai tomar até ao referendo. Na década de 90, o caminho escolhido era o correcto mas o marketing usado não resistiu. Primeiro debateram-se as competências, depois vieram as maiorias relativas; o povo nunca chegou a querer saber.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Barragens

A avaliação dos professores vai ter consequências, a nacionalização do BPN vai ter mais explicações, o enriquecimento ilícito e a corrupção estão na agenda política, a taxas moderadoras do internamento e cirurgia vão ser retiradas. Para já, a relatividade da maioria parece estar em bom caminho.

Como há 15 anos, um dos assuntos mais mediáticos desta legislatura será a construção das barragens, especialmente nos afluentes do Douro onde terá que se submergir a linha do Tua. Pelos estudos apresentados nos "Fórum da Verdade", o PSD tem uma base razoavelmente sólida para questionar essas construções. Quer em termos económicos, quer em termos ambientais, nacionais e locais. O estudo sugeria que um investimento muito menor em programas de eficiência energética conseguiria aumentar a disponibilidade energética em mais que todas as barragens pretendidas pelo PS-Sócrates. Ora isso é um sinal claro de desperdício. Não havendo um estudo alternativo, por parte do Governo, ficam expostas algumas perguntas pertinentes sem resposta. Este assunto será tão mais interessante ao PSD quanto a necessidade de contrapor as sucedidas políticas energéticas do PS-Sócrates. Mas será que o PSD tem interesse em afrontar as corporações do cimento?

Veremos se o povo tem estômago para o espectáculo.

domingo, 15 de novembro de 2009

O Guerreiro

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Então Marcelo

A liderança do PSD ainda é um assunto muito em aberto. Quase tudo aponta para Marcelo Rebelo de Sousa. Já lá esteve. Coincidência ou não, na oposição a um governo minoritário. Mais coincidências: a necessidade de referendos.

Pergunto-me, passados 7 anos: como está a opinião sobre esse tempo Guterres? Melhorou, piorou? As comparações serão inevitáveis. Marcelo sublinha essa comparação.

Na perspectiva do PSD, a imagem do pântano, com Sócrates, pode ser feita muito mais sombria. Pode esquecer-se a face pântano confusão de leis aprovadas e suspensas em destaque de um pântano de Armandos Vara e fundações ensebadas. Por outro lado, o PSD torna-se vulnerável às comparações, especialmente no que toca à responsabilidade politica como oposição.

E a opinião sobre Marcelo, mudou? A diferença é pouca: o eleitorado PSD desconfia mais dele; o do PS ganhou-lhe resistência. Não me parece mais credível agora. já no que verdadeiramente interessa, depois de tantos anos de escolhas de Marcelo, quais são as escolhas de Marcelo?