Há poucos dias foi o Dia Mundial da Asma, 4 de Maio. Pouco se ouviu falar, normal. Portugal, a Grécia, as cinzas e o petróleo parecem bem mais urgentes mas não me apetece falar disso agora.
Entre a meia dúzia de artigos que se podiam encontrar por aí (sobre a asma) todos focavam a necessidade de prevenir a doença, a controlabilidade e o carácter crónico que exige um cuidado para toda a vida. No DD pôde saber-se que "em Portugal a doença atinge cerca de 10 por cento da população, mas a sua incidência tem vindo a aumentar entre os mais jovens e os mais idosos".
Não leva muitos dias ouvi uma peça feita na radio pública dos EUA; uma das partes contava a história de um homem que, depois de muitos anos com problemas sérios de alergias que lhe provocavam ataques de asma, resolveu meter mãos à massa e procurar ele próprio uma solução (++). Depois de uma maratona de pesquisas em artigos científicos pela internet, especulou que a solução estava num animal (conhecido como) parasita que a vida moderna e os seus excessos tem impedido de ser um contaminante generalizado do homem - agora note-se - contactou mil e um laboratórios e produtores de medicamentos e nenhum tinha o bicharoco, nem para estudos - decidiu ir por conta própria a um país subdesenvolvido e deixar-se contaminar.. no fim desse mesmo verão tinha os problemas resolvidos. É claro que isto não é ciência e não se deve generalizar partindo deste nível de conhecimentos. Recorda-me é uma questão.
Este mercado que temos para os medicamentos - que financiamos, que subsidiamos (fortemente!) e que protegemos com elevadas, elaboradas e minuciosas regulamentações, e com as regras de patentes onde se baseia - serve os nossos interesses de promoção generalizada da saúde? Ou serve apenas os interesses dos fornecedores, autorizando uma sifonagem garantida de dinheiro que transforma quaisquer doença num caso crónico?
A mim parece essencial garantir que o financiamento da investigação médica deve estar (mais) ao serviço da saúde em vez da economia. A investigação médica deve premiar as curas em prejuízo dos tratamentos crónicos. Parece óbvio mas não acontece assim.