Não me recordo de uma silly season nomeada tão apropriadamente quanto este verão de campanha bipolar.
O PS de Sócrates encontra-se numa situação periclitante. Com um eleitorado desmobilizado quer pela crise global, quer por uma governação mais à direita que o desejado, quer pelas confusões de Manuel Alegre, quer ainda pelos seus 40% de professores e demais funcionários públicos que entraram em modo corporativo a proteger os seus privilégios. Também não estará alheio á doença da esquerda europeia.
As lideranças da esquerda portuguesa dividem-se entre aquelas que têm medo do que aconteceu em França e Itália, aquelas que acham que esse é um mal da Europa central, manietada pelos fascismos alpinos e as que acham que é necessário bater no fundo para conquistar a montanha.
Fica por saber de que lado está o eleitorado da esquerda. Se estão dispostos a tolerar um PS com um s minimalista ou se pelo contrário continuam fieis aos seus tradicionais e inegociáveis princípios.
Na direita, ofendida pelos casos Freeport e Independente, com o PSD mobilizado por uma grande vitória nas europeias e acossada por uma crise global em que muitos lhe apontaram o dedo, o eleitorado liberal parece disposto a aceitar tudo para segurar a sobrevivência Do Mercado no discurso político. Parecem até dispostos a aceitar o conservadorismo corporativo do PSD pós Cavaco Silva.
Sobre os conservadores patriotas vai saber-se quanto incomoda a aproximação e convivência com um Paulo Portas que teve tiradas tão patriotas como dedicar funcionários e recursos do ministério da defesa para copiar 60'000 páginas de documentos para uso pessoal.
Este é um verão que promete, tudo o que se fizer agora vai ditar a cor das folhas do outono.