Recordo-me de, há algum tempo, falar de degradação voluntária da democracia. Um tema bem interessante explorado de forma curiosa numa sátira de Tim Burton, idiocracy. Leva-me a divagar sobre a falta de opções de (liderança) politica, uma espécie de síndroma da assembleia de Estocolmo.
Itália é um caso especial. Em poucos países democráticos e desenvolvidos se tem visto tanta regressão politica e social. Outros poderão contrapor o Reino Unido, os EUA e a Austrália - a Venezuela e a Bolívia não me parecem ser casos de regressão.. parecem-me casos de mudança horizontal - um "sai da frigideira e cai no fogo".
Ora Itália está a tornar-se num peculiar parque temático:
- catalogação com base na etnicidade, incluindo o registo de crianças numa idade muito mais precoce que a requerida para as crianças da norma
- proibição de ajuntamentos na via pública de mais que 5 pessoas numa cidade italiana
- leis mudadas por encomenda com efeitos retroactivos para safar o politico mor
- utilização de milhares de soldados para policiamento. Em cidades com indicadores de segurança normais na Europa
- criminalização da imigração ilegal
- enquadramento legal para a criação de milícias de cidadãos.
Há um nome que vem à cabeça de toda a gente, ainda não escrevi. É propositado.
Em democracia tudo parte de uma massa critica de pessoas e em Itália há uma massa critica de italianos que não só se tornou sustentável e significativa como adquiriu dimensão para poder segurar nas rédeas do país.
O que vem a seguir? O que será suficiente para identificar a doença? Vai ser a tempo da prevenção ou já só vai lá pela cura?
Quando é que haverá uma massa critica de pessoas para as quais esta vai ser a principal questão politica? Mais importante que as horas de trabalho ou que a flexibilidade do despedimento, ou a privatização da saúde, ou ainda que a eutanásia ou o casamento de homossexuais ou até que o comercio externo. Essas pessoas conseguem juntar-se sem apelos públicos às massas?