segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Right look

Na primeira vez que fui à Inglaterra vim de lá um bocado mais rico. Uma das pequenas preciosidades que trouxe foi a experiência de andar nas estradas inglesas.

As estradas inglesas são das estradas mais seguras do Mundo. Lá, têm uma taxa máxima de alcoolemia de 0,8 g/L (a mais elevada na Europa). É um país com um grande culto da bebedeira e não se encontra um Pub em qualquer esquina. Os radares de velocidade não podem estar escondidos, são fluorescentes, estão sinalizados várias vezes até uma milha antes da sua localização. A policia só pode parar os automobilistas em caso de infracção visível. São das estradas mais seguras do Mundo.

Diferenças visíveis para Portugal: muita, muita sinalização rodoviária de aviso; e radares sinalizados, fluorescentes, colocados imediatamente antes de locais perigosos.

Aqui, escondem-se os radares atrás de arbustos e viadutos, fazem-se fiscalizações ad-hoc, e paga-se a uma ou duas empresas para a videovigilância das autoestradas (provavelmente porque pertencem algum sobrinho de alguém e porque a vigilância tem que ser concessionada e paga todos os meses).

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Carl Rove, Palin e Bush na campanha em Portugal

Confesso que me assusta ver um balanço tão negativo na balança comercial de estratégias eleitorais. Assusta-me esta adesão voluntária um estilo de campanha baseado em emoções primárias. Sentir em vez de Pensar.

A importação começou com o Sócrates a usar o estilo Hillary Clinton: a encostar os adversários á parede, acusando a enfabulação onde "só a direita sabe decidir e fazer".
Ofendidos, seguiu-se a resposta com acusações de arrogância e com o swift-boating sem marés nem tempestades. Passamos à fase da dissonância onde qualquer numero pode ser convertido numa flecha politica, independentemente dos factos e da realidade. Vivemos a fase da mentira, da ocultação de factos óbvios e do apelo á decisão baseada em sentimentos primários. Não há necessidade de pensar, não há necessidade de ponderar, não há necessidade de negociar nem de reconhecer a humanidade dos outros; não há mais factos, não há mais realidade, não há mais dúvidas; há certezas; só há bons e maus; só há a penitência e o medo.

Todos os meios justificam o fim.

Até onde queremos ir?

Quais são os custos desta atitude?

Quem ganha e quem perde?

E daqui a 10 anos?

 

UPDATE: As declarações de Paulo Rangel sobre a ética são brutais.
De tão óbvio parece ridículo defender a ética; mas o momento está aí.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Jornal Público

Infelizmente já tinha deixado de comprar o Público há alguns anos. Parei quando descobri que andavam a repetir artigos de opinião, republicando-os alguns meses depois. Comprava o jornal pelo valor que me trazia, ao repetir textos o valor diminuiu; além disso ficava com a sensação amarga de estarem dispostos a tomar os clientes por parvos. E quando se está disposto a desrespeitar os clientes a decadência pode ser lenta mas é inevitável.

Isto foi bem antes deste Público mais recente. Agora está pior. Abdica de todos os critérios jornalísticos. Serve de placard de recados. Sem quaisquer contraditório, sem quaisquer critério, sem responder ao que merece resposta, nem perguntar o que deve ser perguntado. Passaram a contar estórias com a estrutura e conteúdo típicos de um episódio de DragonBall. Tem como grande objectivo manter os cada vez menos leitores agarrados à novela de vão de escada que vai sendo criada de semana a semana.

A estória do assessor anónimo da casa civil da presidência da republica está muito mal contada. Quem tem a responsabilidade de relatar bem as histórias são os jornalistas. O Público dispôs-se a fazer um péssimo trabalho. Não esclarece ninguém e que lança lodo sobre todos.

O jornal Público não é uma simples empresa, é também um jornal e por isso tem uma direcção editorial e tem jornalistas. São estas as pessoas que se dispõem a desrespeitar os leitores. Na ficha técnica disponível pode-se encontrar uma lista de jornalistas e editores do Público. Infelizmente algumas noticias não são convenientemente assinadas.

Mas a decadência do Público não se fica por aqui, tomou o jornal em várias frentes.

Também têm andado a experimentar com o google news - assim a ver se cola. Sempre que aparece destacada uma noticia do Público, o paragrafo usado para apresentar a noticia não é o primeiro paragrafo da notícia, não é nenhum paragrafo da noticia; é o comentário á noticia mais votado - aquele comentário inflamado, votado pela maioria dos comentadores inflamados, numa dinâmica de linchamento público.. é esse que aparece. Mas é só nos cadernos. A ver se cola. Plausible deniability chamam-lhe os americanos.

Será que os anunciantes financiadores do Público iriam ficar orgulhosos de serem associados a tal comportamento?

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Ter medo.

No sábado FJV publicou no Origem das Espécies uma curiosa sátira que exulta os leitores a ridicularizarem e desprezarem as consequências da eleição de MFL: Se o medo pode dar votos, tenham medo. Infelizmente o voto não serve apenas para distinguir o bom do ainda melhor.

Eleger MFL tem consequências. Algumas boas, outras más. Nas más, a experiência e a probabilidade dizem que pode ocorrer haver, como já houve, um discurso da tanga, ou um negócio estranho, ou uma decisão suficientemente fora do razoável que lance a economia no lodo. Isso já aconteceu com MFL. Uma decisão do tipo António Preto + Couto dos Santos + João de Deus Pinheiro, quando no governo, afecta quaisquer sistema imunitário e expõe a economia a mais incertezas e consequentemente a maiores riscos e maiores custos - há quem se possa sentir tentado a contrapor que por vezes isso acontece com boas decisões, é verdade; por razões óbvias não é esse o caso.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Um caso de gripe A em Portugal

Hoje a falar com uns vizinhos cá da terra descobri que estiveram 4 dias fechados em casa por causa da gripe A. O filho adolescente foi passar uma semana a Espanha e chegou infectado mas ainda sem sintomas. Quando começaram a aparecer os sintomas de febre e distúrbios gástricos os pais ponderaram leva-lo às urgências mas tiveram a clarividência de ligar para a linha saúde 24 (808 24 24 24).

Com os sintomas e o histórico de viagens foi logo identificado como um caso potencial de H1N1. Foram imediatamente aconselhados a não sair de casa e esperar a assistência que se deslocaria a casa deles e os iria levar ao hospital São João no Porto (aqui a uns 60 km).

Foram levados ao hospital, recebidos em espaço próprio, diagnosticados, trazidos a casa e medicados. Foi-lhes recomendado não saírem de casa - nem os pais, nem os 3 filhos. Foi-lhes destacada uma delegada de saúde para acompanhar o desenvolvimento da doença, para os visitar em casa e para lhes levar a medicação.

Pelo meio uma da filhas de 6 anos ficou também infectada tendo sido acompanhada pela delegada de saúde.

Apenas tiveram falta de água engarrafada o que resolveram com um telefonema a amigos para que lhes deixassem a água à porta.

No final dos 4 dias foi-lhes dito que passou e deixados à vida deles.

Uma história de 1o mundo.

Fantástico, não é?

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Está a vista o liberalismo em Portugal. Passos Coelho: um burocrata ou um liberal?

A decisão das listas tem o mérito de ser muito clarificadora. Já ninguém precisa de ver o programa do PSD - depois de 4 anos de opiniões desconexas já se sabe para que lado vai coalescer o PSD. Com esta clarificação (que é bem vinda) ou MFL, acertadamente, continua o esforço de Sócrates em cumprir o programa proposto - o que seria um excelente sinal para a democracia portuguesa; ou enche o programa de palavras ocas que encantem as diversas correntes orfanadas dentro do PSD.

Mais interessante para mim é estarem à vista os valores que conduzem PPC e a ala liberal. Ou Pedro Passos Coelho assegura a sua longa carreira politica no aparelho do PSD ou assume as politicas que defende para o País. Porque as visões publicitadas por PPC e MFL são incompatíveis.
MFL usa o mercado, acredita nas corporações. MFL representa um PSD que quer diminuir o estado e aumentar o peso das empresas na sociedade mas que nunca se interessou em fiscalizar nem em agilizar o mercado. A postura perante as falências fraudulentas, perante a utilização dos subsídios agrícolas da PAC, pela forma como a ANACOM foi esvaziada para fechar o controlo das redes móveis à ONI e a forma como encara o desempenho da ASAE exemplificam bem que concorrência desleal nunca foi uma preocupação.
Já PPC fala muito mais em mercado. A minha grande dúvida é em saber quanto desse discurso existe apenas para encantar as juventudes de direita (naturalmente mais liberais e menos conservadoras). Perante esta escolha, PPC vai ter que mostrar o que tem mais valor na perspectiva dele: se a carreira de burocrata do PSD, se as ideias de mercado aberto para o País.
Paralelamente coloca-se uma questão parecida a todos aqueles eleitores que se sentem de alguma forma representados por PPC: abdicar do mercado em favor do corporativismo, das leis feitas à medida dos grandes grupos económicos e de um estado menor ou partir à luta num ano difícil para defender o liberalismo de mercado.

Com este exercício MFL coloca o liberalismo entre a ravina e a caverna. A escolha de Passos Coelho é particularmente simples. Esta escolha de MFL, além de clarificadora, tem a vantagem estratégica de relaxar as hostes do PS/Sócrates e com isso desmobilizar o combate político.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Incompetencia: o PSD não se enxerga

Não me é dificil imaginar um PSD onde fosse capaz de deixar o meu voto. Simplesmente não consigo. A visível falta de renovação dos corruptos do 2o mandato de Cavaco e a flagrante incompetência são demasiado caras.

No blog eleitoral Jamais pode encontrar-se um post com título a Incapacidade de olhar o próprio umbigo mas logo mais abaixo encontra-se:

O "Jamais" no Diário Económico
publicado por Rodrigo Adão da Fonseca em 03 Ago 2009, às 13:45
(...) Por erro, o Diário Económico apresenta o "Jamais" como se fosse um "blog crítico do PS". Esta classificação é da responsabilidade do DE. O Jamais é um blogue de apoio ao PSD nas próximas eleições, e tem o seu espaço de afirmação próprio, como aliás se pode constatar pelo seu conteúdo e pelo tipo de colaborações que foram dinamizadas. Fica o esclarecimento, para quem pudesse ter dúvidas.

No cabeçalho do mesmo blog pode ler-se o título do blog e uma definição:

Mais quatro anos de governo Sócrates? Jamais
Jamais - Advérbio. Nunca mais, outra vez não, epá eles querem voltar. Interjeição muito usada por um povo de dez milhões de habitantes de um certo cantinho europeu, orgulhoso do passado mas apreensivo com o futuro, hospitaleiro mas sem paciência para ser enganado, solidário mas sobrecarregado de impostos, com vontade de trabalhar e meio milhão de desempregados, empreendedor apesar do Estado que lhe leva metade da riqueza, face à perspectiva terrível de mais quatro anos de desgoverno socialista. Pronuncia-se à francesa, acompanhado ou não do vernáculo manguito.

Para mais um post no mesmo blog, sobre o mesmo assunto mas com outro nome.
LINK: As pessoas não são parvas